sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Semana Internacional do Esporte pela Mudança Social

Convite

Changemakers

Caro(s),

Entre os dias 09 e 13 de novembro, o Rio de Janeiro sediará a Semana Internacional do Esporte pela Mudança Social 2010.

A segunda edição do evento acontecerá na Fundição Progresso, na Lapa, e trará grandes nomes do esporte mundial, pesquisadores, representantes da sociedade civil e poder público, que discutirão temas referentes à cultura esportiva no Brasil, políticas públicas, lei de incentivo ao esporte e desenvolvimento econômico a partir de mega eventos esportivos.

Consulte a programação e inscreva-se pelo site (http://www.rems.org.br/semana) ou pelo telefone (21) 3545-9293. Participe e entenda como o esporte pode render muito mais do que medalhas para o Brasil!

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Fortaleza irá sediar seminário sobre a Lei de Incentivo ao Esporte

Evento pretende reunir empresariado e segmento esportivo

No próximo dia 26 de novembro, a Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Esporte e Lazer (Secel) e entidades parceiras, irá promover um seminário sobre a Lei de Incentivo ao Esporte. O seminário irá ocorrer de 14h às 18h, no auditório da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL). 

O objetivo da iniciativa é dar mais visibilidade à lei e estimular o segmento esportivo local a elaborar projetos, captar recursos e executar ações nas áreas de esporte e lazer. 

O evento se propõe a promover uma maior integração entre agentes sociais de esporte e lazer, gestores públicos e empresários. Na ocasião, representantes da Comissão de Análise de Projetos da Lei de Incentivo ao Esporte, do Ministério do Esporte, irão apresentar aspectos gerais sobre a Lei de Incentivo e as perspectivas para o desenvolvimento do esporte em Fortaleza. 

O seminário também irá contar com a realização de uma oficina de capacitação para entidades esportivas, abordando aspectos técnicos acerca da formulação de projetos para captação de recursos junto à Lei de Incentivo ao Esporte. Na opinião do titular da Secel, Evaldo Lima, o seminário irá representar uma oportunidade de capacitação para gestores públicos e entidades esportivas.

Fonte: Secel

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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Futebol feminino em foco pela ótica de Kleiton Lima, técnico do Santos e da Seleção Brasileira

Entrevista: Kleiton Lima, técnico do time feminino do Santos FC
"Não temos uma estrutura completa de times de jovens. Portanto, meninas de 15 anos jogam com jogadoras de 28", relata
Guilherme Costa*

Quando era jogador, Kleiton Lima passou por clubes do Brasil e dos Estados Unidos. No entanto, foi como treinador que ele ganhou mais destaque no futebol brasileiro. Principalmente porque ele se especializou no trabalho com times femininos. Atualmente, comanda a seleção brasileira e o Santos FC, time que venceu no ano passado a Copa do Brasil, principal torneio para mulheres do país.

Ao contrário de seus antecessores na seleção brasileira de futebol feminino, Lima não começou trabalhando entre homens. Ele iniciou a carreira em 1995, com times femininos. Trabalhou depois com equipes de jovens do Santos FC e até com profissionais do Clube Atlético Assisense, de São Paulo, mas retomou as atividades em times femininos depois disso.

Apesar de ter uma trajetória vitoriosa no futebol feminino, Kleiton Lima viveu uma temporada especial em 2009. Depois de uma passagem vitoriosa pelo time brasileiro sub-20, ele foi contratado para trabalhar com o elenco nacional profissional. Além disso, o Santos FC se reforçou com jogadoras do porte de Marta, eleita pela Fifa a melhor do mundo nas últimas três temporadas.

Montagem do grupo de jogadoras

O Santos FC havia conquistado em 2008 a Copa do Brasil, principal competição de futebol feminino no país. Entretanto, reforçou muito o grupo de atletas para esta temporada. O time contratou jogadoras como Cristiane, Érika, Fran e Andréia, que estiveram no time brasileiro que conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.

No dia 1º de agosto de 2009, o Santos FC também anunciou que contaria com Marta, eleita pela Fifa a melhor do mundo nas últimas três temporadas. A nova camisa 10 recebeu seu uniforme das mãos de Pelé, maior jogador da história do time masculino. Ela assinou com o Santos FC por apenas três meses, somente durante o período de recesso do futebol feminino nos Estados Unidos – a atacante defende atualmente o FC Gold Pride, após passagem pelo Los Angeles Sol, ambos dos Estados Unidos.

Com os reforços, o técnico Kleiton Lima trabalha atualmente com 48 atletas de níveis muito diferentes: “O problema é que não temos uma estrutura completa de times de jovens. Portanto, meninas de 15 anos jogam com jogadoras de 28. Temos algumas com potencial que ainda precisam se formar como atletas, e outras como a Marta ou a Cristiane, que estão entre as melhores do mundo”.

Além da diferença de nível e de experiência no grupo, Lima precisa lidar com vários estágios diferentes. Jogadoras como Marta e Cristiane foram contratadas por um período curto, apenas para a disputa da primeira edição feminina da Copa Libertadores, o campeonato sul-americano de times. Enquanto elas treinam no clube por apenas três meses, outras são preparadas para toda a temporada. E nesse grupo há muita distância de idade e nível técnico.

“São objetivos diferentes, e por isso nós precisamos eleger prioridades. Hoje disputamos a Libertadores, e esse é nosso objetivo. As jogadoras que estão inscritas trabalham pensando no campeonato, e o outro grupo trabalha a parte física ou alguns jogos para não perder o ritmo”, diz Lima.




Apesar do curto período na Vila Belmiro, Marta encantou à torcida santista e promoveu um ânimo a novas jovens interessadas na modalidade


Atividades individuais

Jogadoras que chegaram ao clube recentemente e as que já estavam treinando estão em estágio diferente da temporada. Isso fez com que o Santos FC criasse um programa individual de treinos, focado nas necessidades de cada uma das atletas. “O principal é fazer logo os testes para sentir o nível em que as atletas estão quando elas são contratadas durante a temporada. Isso é fundamental para planejar o resto”, diz Lima.

“Fazemos testes físicos, conferimos os resultados e montamos treinos específicos para as que estão em um nível abaixo do resto. Se elas estiverem acima, diminuímos as cargas para que elas tenham seus melhores momentos em um mesmo estágio das outras atletas”, afirma Lima.

A parte física, entretanto, não é a única preocupação que o Santos FC tem com a montagem do elenco. Lima comenta que o time também precisa acertar a disposição tática das jogadoras e trabalhar fundamentos técnicos em alguns casos. “Quando você pede que o time contrate uma atleta, já sabe para o que ela vai servir dentro do time. Então, sua função é criar exercícios que unam a utilidade de cada jogadora e trabalhem a função coletiva. Para isso, tem de haver muito trabalho de marcação, de movimentação, de situações de jogo”.

Treinos técnicos

Além do trabalho tático, o Santos FC desenvolve atividades diárias para a parte técnica das jogadoras. Isso é feito de acordo com a função que elas desenvolvem no campo e com o que podem encontrar durante as partidas. Atacantes, por exemplo, treinam chutes e controle da bola. Meio-campistas também fazem exercícios como lançamentos e passes longos, enquanto as defensoras repetem lances de velocidade, marcação e interceptação de passes.



 

Tipo de treino

“Não gosto de nenhum trabalho fora da situação de jogo. Isso pode servir na formação de jovens, mas não pode ser feito no nível em que nós estamos. Imaginamos como a marcação pode ser, como o adversário pode se comportar, e trabalhamos a partir disso”, diz Lima.

O técnico faz algumas atividades que não lembram situações de jogo, mas usa isso apenas para aprimorar a parte técnica de suas atletas ou para acertar o movimento delas: “Isso vale para a parte individual, para mostrar que certas coisas podem ser resolvidas de um ou outro jeito. Com o grupo, tudo que fazemos simula o que acontece nas partidas”.

Jogos entre o elenco

“Costumamos fazer jogos apenas quando temos a semana inteira para trabalhar. Isso não é uma regra, mas normalmente funciona desse jeito. Prefiro usar trabalhos táticos, mas jogos entre o elenco também servem para isso. Sempre aproveitamos esses exercícios para acertar a movimentação e a marcação”.

Treinos durante a temporada

“Procuramos fazer atividades pensando no que cada jogadora pode fazer. Isso é ainda mais importante a partir do meio da temporada. Algumas precisam de um tempo maior de recuperação, outras não. Algumas têm músculos mais fortes, mais vitalidade. Tudo isso precisa estar no planejamento”.

Campo reduzido

Assim como a maioria dos técnicos brasileiros, Kleiton Lima costuma fazer exercícios com apenas parte do campo. Isso ajuda a desenvolver a agilidade dos jogadores e trabalha a velocidade de raciocínio. O Santos FC costuma fazer esse tipo de atividade com números diferentes de atletas em cada time ou com uma jogadora que sirva como coringa, sempre ajudando o time que está com a bola. Isso é trabalhado com limitação de toques na bola – cada jogadora pode encostar uma ou duas vezes antes de passar.

Treino de faltas e escanteios

“Os treinos dependem do adversário. Analisamos as características do time que vai jogar contra nós e planejamos as atividades de acordo com isso. Não temos um método específico para treinar esses lances”.

“Ensaiamos muito as faltas e escanteios ofensivos. Trabalhamos o posicionamento, o deslocamento, onde as jogadoras devem estar, para onde devem correr e como devem finalizar. Também fazemos exercícios com diferentes tipos de jogadas: cruzamento direto ou desvio para outra atacante, por exemplo. Há uma série de situações diferentes, tudo sempre repetindo situações de jogo”.

Mulheres x homens

Kleiton Lima começou a carreira como técnico de times femininos. Depois trabalhou nos times de jovens do Santos – chegou a comandar Diego, atualmente no Wolfsburg, e Robinho, que defende o Milan. Também esteve no time profissional masculino do Clube Atlético Assisense, de São Paulo, mas retomou o trabalho com mulheres.

“A parte física é a maior diferença. Os exercícios são os mesmos, mas a intensidade diminui. O trabalho de força é um pouco diferente porque as mulheres não suportam cargas tão pesadas quanto os homens. Também muda a conversa, o jeito de falar. Mulheres são mais emocionais, levam mais para o campo os problemas que vivem fora dele. Por isso, o técnico precisa tomar cuidado no jeito de falar, de exigir ou de elogiar”, diz Lima.




Kleiton Lima orienta atleta do time do Santos: apesar das similaridades de atividades funcionais, intensidade e carga dos exercícios são diferentes em relação aos homens

Potencial físico das atletas

“É importante você conhecer as jogadoras, perceber que cada uma responde de forma diferente. Algumas meninas têm limites próximos aos dos homens, como a Marta. Isso é muito relacionado ao perfil delas”.

Clube x seleção

Além de comparações entre homens e mulheres, Kleiton Lima vive realidades diferentes atualmente. Ele comanda o Santos FC, principal time feminino do Brasil, mas também é técnico do time brasileiro. Por isso, precisa conciliar o trabalho do dia-a-dia em um clube e as análises de jogadoras.

“Minha filosofia é a mesma, mas o tipo de trabalho muda do Santos FC para o time nacional. O time nacional tem picos de concentração e tempo menor de trabalho. Precisamos fazer exercícios para aproveitar melhor o tempo e dar conjunto ao time. Conversamos mais, mesmo quando não temos jogos. O período pequeno é a principal diferença, mas também há outros fatores. Você conhece mais as jogadoras quando passa mias tempo com elas, como acontece no Santos FC. Isso facilita o trabalho”, diz Lima.

“Outro problema é que a seleção tem jogadoras com culturas esportivas muito diferentes. Você pega atletas dos Estados Unidos, do Brasil, da Europa, até algumas com uma realidade mais amadora. É importante montar um planejamento para trabalhar com todas elas”, completa o treinador.


*Material publicado originalmente na revista Soccer Coaching International, parceira da Universidade do Futebol

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Palestra: “Um olhar ético e criativo sobre a gestão esportiva”

“Um olhar ético e criativo sobre a gestão esportiva”

clip_image002Benê Lima é radialista com formação em filosofia mística como Rosacruz. afeito às atividades de comunicação. já  exerceu o cargo de coordenador de fotografia da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo no Projeto Oficinas Culturais. É comentarista e analista de futebol, com conhecimento na gestão deste esporte e nos processos de treinamento a ele inerentes. É diretor superintendente da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), qualificando-se e habilitando-se como representante do estado do Ceará na 3ª Conferência Nacional do Esporte. É um dos 4 brasileiros convidados para exercerem a atividade de “expert commentator” [comentarista especialista] dos projetos do desafio ashoka/Nike “transformando vidas através do futebol”.

Local do evento: Sociedade Artística de Maranguape

Rua Major Agostinho, s/nº – Centro (Em frente à Biblioteca Pública Municipal)

Inscrição: com Evaldo Bessa e Sérgio Ricardo

Informações: (85) 3369.9185

Taxa: Cupom fiscal no valor de R$100,00

Data do evento: 30/10/2010 (sábado)

Horário: das 09h às 11h

Público-alvo: acadêmicos, instituições voltadas ao esporte, ligas esportivas, ONGs, fundações e afins.

Número de vagas: 50 (cinqüenta)

Realização: Fundação Viva Maranguape de Turismo, Esporte e Cultura - FITEC

Apoio: Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), Esportiva Eventos, Governo Municipal de Maranguape

Tópicos / roteirização

          ·        Apresentação

·        Compromisso com verdades não absolutas

·        A Ética precisa ser redefinida

·        As vantagens da Ética

·        O Marketing contempla a Ética

·        ACERTAR é mais humano que ERRAR

·        Pessoas melhores, empresas melhores

·        Diferença entre administração e gestão

·        Pensar a gestão significa contextualizá-la

·        Por que o naming rights não “acontece” no Brasil?

·        Exemplos clássicos de naming rights mal sucedidos (Unimed/For e Arena da Baixada – Kiocera Arena)

·        O anacronismo da FIFA e International Board

·        O aspecto social do futebol

·        Ver globalmente e agir localmente

·        Criatividade e inovação

·        Relações sistêmicas e suas vantagens

·        Um novo calendário para o futebol brasileiro

·        Multidisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade

·        Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD)

·        Estatuto do Torcedor

·        Estatutos dos clubes

·        As vantagens da não-centralização administrativa no esporte

·        A construção do perfil dos clubes de futebol

·        A personalidade dos times de futebol

·        O esporte como um evento

Entre outros…

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Cidade Esportiva servirá para amarrar plano federal

GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, São Paulo - SP

São Bernardo tem projeto para ser cidade do handebol

O governo federal aprovou no dia 20 de setembro um pacote de mudanças na política pública de esportes. Uma das inovações foi a criação do projeto “Cidade Esportiva”, um pacote de incentivos fiscais para locais que admitirem adotar determinada modalidade. Por trás disso está um projeto para “amarrar” todas as iniciativas recentes no segmento.

Com a criação de cidades esportivas, o governo federal conseguirá mapear a prática de esportes e a revelação de atletas no Brasil. Um exemplo é Cruz das Almas (BA), cidade que terá um centro de formação bancado pelo projeto esportivo que a Petrobras lançou na última segunda-feira. Segundo levantamento da companhia, a região é um dos principais polos de produção de boxeadores no país.

“Nós tentamos identificar problemas e resolver aos poucos. Os atletas diziam que o dinheiro de patrocínios muitas vezes não chegava a eles, e por isso nós criamos a Bolsa Atleta. Também solucionamos uma carência antiga com a Lei de Incentivo ao Esporte, que era um plano de renúncia fiscal para essa área. Mas faltava algo que amarrasse isso tudo, e esse projeto é o começo”, explicou Ricardo Leyser Gonçalves, secretário de alto rendimento do Ministério do Esporte.

Até o momento, o governo federal recebeu quase 50 projetos de cidades esportivas. A lista conta, por exemplo, com planos de handebol para São Bernardo do Campo e de canoagem para Rio de Janeiro e Caxias do Sul.

A ideia do ministério é usar o projeto para delinear um mapa da formação de atletas no Brasil. As cidades esportivas serão alinhadas a outro projeto, de criação de centros regionais para cada modalidade.

“Vamos ver, por exemplo, qual região tem uma cultura mais forte para a prática de determinada modalidade. Isso nos ajudará a desenvolver ações para aquele público”, completou Leyser Gonçalves.

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domingo, 3 de outubro de 2010

O futebol universitário nos Estados Unidos

Ao mesmo tempo em que a prática é vista como instrumento de educação, há também o reconhecimento dos “serviços prestados” pelos atletas

Helio D'Anna

Caro leitor,

após cinco anos escrevendo sobre o futebol nos Estados Unidos, me ocorre que muitos leitores novos talvez precisem de uma revisão sobre o futebol universitário desse país. Sempre recebo pedidos de informações e acho que vale a pena essa revisão.

O futebol praticado nos EUA está bastante enraizado no sistema educacional. Isso inclui desde o ensino básico até o universitário. Aliás, historicamente se falando, a presença do futebol na região começou com a prática nas universidades para depois ser adotado por outras faixas etárias.

Pouca gente sabe (mesmo por aqui nos EUA) que desde 1862 universidades americanas oferecem esse desporto. Essa influência veio naturalmente pela influência britânica. Em 1871, a “English Football Association” criou as regras gerais do desporto e devido à falta de acordo com diferentes interesses, a associação separou-se em dois grupos, um resultando nas regras clássicas do futebol, e outro nas regras que passaram a ser chamadas de rugby.

Nos Estados Unidos, em princípio, as regras do rugby foram adotadas. Isso eventualmente levou a criação do esporte “football”, que hoje em dia é o futebol americano (às vezes imagino o que teria acontecido se as universidades tivessem adotado as outras regras...). O fato interessante é que o primeiro jogo oficial de soccer nos EUA é tambem visto como o primeiro de American Football (Rutgers contra Princeton, em 1869).

De qualquer maneira, o desporto futebol continuou sendo praticado por universitários e em 1901 voltou a ser incorporado em competição (universidades da região de Nova York fizeram jogos nesse ano). De lá para cá muita coisa mudou e hoje o futebol é um dos esportes de maior sucesso dentre as universidades americanas. Já que esse é o meio em que trabalho, gostaria de mostrar sua organização geral.

Observo que os dados referidos são relativos ao futebol masculino e vou falar do futebol feminino numa outra oportunidade.

Uma das claras características da sociedade americana com relação ao desenvolvimento é o incrível número de universidades que esse país possui: mais de quatro mil (mais precisamente, 4.168). São ao todo quase 16 milhões de pessoas cursando universidades no momento. Em nível de ligas universitárias, há três principais no país: a NCAA (National Collegiate Athletic Association), que possui divisão 1, 2 e 3; a NAIA (National Association of Intercollegiate Athletics), e a NCCAA (National Christian College Athletic Association).

Há tambem uma liga específica para instituições que oferecem diplomas de nível pós-secundário/pré-universitário (chamadas de junior colleges): a NJCAA (National Junior College Athletic Association).

Cada instituição decide qual liga reflete melhor suas características e dessa maneira decide a qual liga se afiliar. Em geral, as diferentes ligas acabam por agrupar instituições “parecidas” no sentido de tamanho, número de alunos, afiliação religiosa, disponibilidade de oferta de bolsas, etc. E essas ligas não são necessariamente colocadas em progressão ou como qualificatórias umas às outras (por exemplo, não há “acesso” ou “descenso”). O ponto comum em todas essas ligas é a organização geral da competição desportiva (incluindo o futebol).

Como o país é grande, as escolas são divididas em regiões. Cada região possui duas ou três subdivisões chamadas de conferências. Eu trabalho numa universidade afiliada à NCAA divisão 2, e minha liga possui oito regiões com duas conferências cada e com 10 a 15 escolas em cada conferência (minha liga tem por volta de 250 universidades que oferecem futebol competitivo).

Dentro de cada conferência, os times jogam entre si em um turno (a cada ano inverte-se o mando de jogo). Há tambem jogos agendados que “cruzam” times da outra conferência em cada região (e também de outras regiões). Durante o decorrer do campeonato, os times são ranqueados dentro de suas conferências (baseados no confronto direto e na adição de pontos acumulados). Os times também são ranqueados dentro de sua região (esse ranking é estabelecido por votos de comitês, já que não há um confronto direto de todos os times da região por falta de tempo hábil). Os melhores times da região entram, então, no ranking nacional (também estabelecido por comitês).

Assim, ao fim da temporada regular (pontos corridos), começam os play-offs (mata-matas). Os campeões das conferências, mais os times ranqueados em suas regiões, começam essa disputa e cada região também estabelece por mata-mata seus campeões. Daí vem a fase nacional (campeões das regiões mais os melhores ranqueados no país) e o mata-mata segue até se estabelecer o campeão nacional.

O povo americano adora o formato de play-off. O interessante da cultura americana é que há obviamente um reconhecimento grande do campeão nacional, mas também se “celebram” todos os outros campeões (das conferências e das regiões) e também dos times que terminam no ranking nacional final (os times top 25). Assim, várias universidades veem seus nomes reconhecidos no país inteiro, e sentem seu esforço “pago” mesmo sem terem sido campeãs nacionais.

As universidades investem (e muito) dinheiro em seus programas. A começar pela estrutura física – as universidades normalmente têm excelentes campos, vestiários, etc. Boas condições de trabalho é dada aos técnicos em nível de material, apoio, etc. E muito importante: dinheiro é investido “indiretamente” em relação a bolsas de estudos a serem oferecidas aos atletas.

Ao mesmo tempo em que a prática de futebol universitário é vista como instrumento de educação, há também o reconhecimento dos “serviços prestados” pelos atletas. Em troca de representarem as universidades nas competições, os atletas recebem bolsas de estudo (parcial ou total). Cada liga estabelece o número máximo de bolsas que pode ser oferecido (ao fim do dia, não é todo mundo que estuda de graça). O preço médio para se estudar em universidades nos EUA é de 10 mil dólares por ano (algumas chegam a custar 50 mil por ano).

Não há ensino universitário gratuito por aqui. E cada liga tem regras diferentes quanto ao número de bolsas a serem oferecidas, mas uma coisa é certa: a quantia total é alta e representa milhares de dólares (minha universidade permite distribuição de 180 mil pelos 22 jogadores).

Na verdade, o técnico universitário tem que ser um bom negociante e convencer muitas vezes familiares a pagarem parte do custo da escola e perceberem as vantagens em se fazer isso (qualidade da universidade, qualidade do time, etc). O processo de se recrutar jogadores é uma arte em si própria. Em outro momento eu contarei como se faz para se dar “um jeitinho” aqui nos Estados Unidos, e se obter fontes de ajuda para aumentar o número de bolsas que podem ser oferecidas pelas universidades.

Com relação à duração do campeonato universitário, a temporada de futebol ocorre no primeiro semestre do ano letivo americano (que começa em agosto por aqui). O segundo semestre letivo (que começa em janeiro) tem um calendário de jogos amistosos e torneios isolados (aliás, essa é uma das críticas que amantes do futebol fazem: por que não fazer a temporada mais longa...).

Jogadores que demonstram aptidão e interesse em seguirem carreira profissional dentro do futebol têm a chance de jogar uma liga de férias de verão que possui times semi-profissionais. A liga é chamada PDL (Professional Develpomental League) e em parte ajuda a saciar a vontade de “mais jogos” que os jogadores universitários muitas vezes sentem.
Aliás, o futebol universitário é uma das principais fontes de jogadores para os times profissionais nos EUA. Apesar de não ser a única fonte (há jogadores que não jogam em nenhuma liga universitária, mas se profissionalizam), essa liga realmente proporciona a esmagadora maioria. Quando alunos se formam nas universidades, eles são colocados no que se chama de “draft”, que é o sistema pelo qual os jogadores são ranqueados (que surpresa) e são alocados aos clubes profissionais por sorteio. Daí os clubes escolhem jogadores ou repassam seu direito de escolha a outros clubes em troca de dinheiro ou futuras escolhas. A descrição mais detalhada do futebol profissional americano virá num futuro próximo.

Em conclusão, a liga universitária americana é uma tremenda fonte de talentos e de desenvolvimento de jogadores, assim como uma provedora de chances de se conciliar estudos com a prática desportiva de alto nível. Como resultado, a maioria esmagadora de jogadores profissionais de futebol nos EUA engloba pessoas com diploma universitário. Isso dá a esses atletas a chance de ter um futuro garantido quando a carreira de atleta profissional termina. Isso tambem dá ao técnico de futebol profissional o privilégio de interagir com atletas supostamente mais preparados intelectualmente para lidar com as pressões e situações comuns a atletas profissionais.

Esse sistema não é perfeito, mas é sem dúvida nenhuma interessante. Como técnico universitário, me sinto abençoado em poder ter impacto na formação de meus jogadores, dando a eles a chance de crescerem dentro e fora dos campos.

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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

II Seminário Cearense de Psicologia do Esporte

O seminário, que acontece nos dias 01 e 02 de outubro, conta coma chancela da Federação Internacional de Educação Física - Fiep

Teve início na manhã desta sexta-feira (01), no campus da Fic Via Corpus, o II Seminário Cearense de Psicologia do Esporte. O evento é uma realização da Esportiva Eventos, em parceria com a Estácio – Fic, a Universidade Estadual do Ceará – UECE e a Liga Cearense de Futebol Feminino, tem como objetivo discutir os fatores psíquicos que interferem nas ações do exercício físico e no esporte.

O Secretário de Esporte e Lazer de Fortaleza, professor Evaldo Lima, participou da mesa de abertura do seminário. Segundo ele, iniciativas acadêmicas dessa natureza são indispensáveis para o desenvolvimento dos esportes de alto rendimento, “Nos próximos anos estaremos no centro das atenções do mundo esportivo, com a realização da Copa do Mundo FIFA 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, mas o Brasil só poderá se tornar uma grande potência esportiva com a participação das universidades”.

O professor Evaldo Lima foi também homenageado com a entrega do livro “Psicomotricidade – Pressupostos Teóricos e Práticos”, organizado por estudantes e professores da Estácio – Fic. Para Andréa Benevides, Coordenadora do Curso de Educação Física da instituição, “O presente é apenas o reconhecimento à dedicação de Evaldo Lima ao crescimento do esporte em Fortaleza.

Leia mais: II Seminário Cearense de Psicologia do Esporte

Blog do Prof. Evaldo Lima e Amigos

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