Categoria: Esporte & Lazer Contexto: Política, Economia & Negócios, Comportamento
A Era Vargas ficou marcada de muitas formas, uma delas foi o voto das mulheres, conquistado por Lei. Não sabemos ainda se haverá uma Era Dilma, mas se houver, ela começou hoje. Lu de Castro, que estréia como colunista em O Mundo dá Bola pra Mulher, volta ao tempo para mostrar leis brasileiras esdrúxulas que impediram a mulher, durante décadas, de fazer muitas coisas, inclusive jogar bola. O Mundo dá Bola pra Mulher abre as janelas para esta nova era.
Ser mulher no Brasil nunca foi fácil. Mesmo em pleno século XXI, as mulheres enfrentam diferenças de tratamento e disparidade quando o assunto é salário, que espantaria os mais otimistas em relação às conquistas femininas no século XX.
A suposta fragilidade foi logo substituída pela voracidade com que as mulheres passaram a brigar por seus direitos e pelo que consideravam justo.
No campo de futebol a situação não era diferente. Adotado como esporte de “macho” por brasileiros, o futebol era assunto proibido para as moças na década de 1940. Muita água passou por debaixo da ponte até os dias de hoje, quando nossas meninas calçam suas chuteiras e entram em campo. Ainda em condições bem distintas quanto a salários e condições de trabalho, a mulher brasileira (assim como a sulamericana) busca seu espaço e a sua devida valorização.
Se na Era Vargas, a mulher conquistou o direito ao voto, o mesmo não se aplicou aos esportes, e algumas modalidades foram devidamente proibidas em leis apoiadas em “desculpas” biológicas no mínimo esdrúxulas.
O Decreto-Lei 3.199/41, em seu artigo 54 dizia o seguinte: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo para esse efeito o Conselho Nacional dos Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país…”
Em 1965, o CND – Conselho Nacional dos Desportos, proibiu às mulheres, a prática de algumas modalidades esportivas, dentre elas, o futebol de campo, de salão, de areia, pólo, halterofolismo e lutas. Os argumentos usados para defender tais proibições, eram as condições biológicas e fisiológicas das mulheres e as atividades liberadas, eram indicadas de acordo com essas informações.
Somente em 1979, o CND revogou a deliberação 7/65 e a substituiu pela 10/79, onde concedia às mulheres o direito de praticar as modalidades que lhes foram proibidas. O reconhecimento oficial, por parte do CND, só veio em 1983, mais exatamente no dia 25 de março.
O futebol feminino era um esporte, poderia ser praticado, mas com algumas mudanças, como a duração das partidas, que teriam 70 minutos, com 15 a 20 minutos de intervalo. O diâmetro da bola variaria de 62 a 66 centímetros e deveria pesar no máximo 390 gramas. As chuteiras deveriam ter travas metálicas ou pontiagudas e, pasmem, as jogadoras não poderiam trocar a camisa após os jogos.
Em vez de flores, a CBF dava a proibição de jogarem em campos oficiais
Assim, nem tudo eram flores para nossas jogadoras de futebol de campo, pois a CBF proibia a utilização dos estádios oficiais para os jogos das meninas. Qual a razão? Uma pergunta que ficou em aberto até que, hoje, este acinte não existe mais.
A advogada Zulaiê Cobra Ribeiro, paulistana, formada pela PUC/SP, foi uma das mulheres que comprou a briga pelo futebol feminino, tendo defendido a causa a pedido de Rose do Rio (a primeira técnica de futebol do Brasil) e vencido a CBF em última instância.
Roseli Cordeiro Filardo, nasceu em Curitiba e começou a jogar futebol aos 15 anos. Foi a que mais batalhou (e continua na lida) pelos direitos da mulher atleta, fazendo corpo a corpo com os homens responsáveis pelo futebol brasileiro. É presidente e fundadora da Associação de Futebol Feminino do Rio de Janeiro e é formada em Direito.
Em 2007, ainda apenas Secretário de Turismo, Esporte e Lazer, o atual Prefeito do Rio, hoje com todo o poder das Olimpíadas nas mãos, acenava com dribles que desafiavam qualquer entrave para o futuro próximo do futebol feminino, ou, na pior das hipóteses, da inserção do gênero no cenário esportivo:
Rio pode ter campeonato de futebol feminino em 2008
25/09/2007 - 15h26
Há grandes chances do Rio de Janeiro ganhar um campeonato de futebol feminino no ano que vem. A possibilidade foi acenada pelosecretário estadual de Turismo, Esporte e Lazer, Eduardo Paes, durante audiência pública realizada na última segunda-feira, 24/09, na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), sobre o tema "Futebol Feminino: Driblando os Desafios".
- Podemos amarrar isso com a Federação, porque existe uma possibilidade enorme de redução de custos. Esse campeonato poderia ser realizado em paralelo ao campeonato estadual masculino, com todos os jogos ocorrendo como preliminar no Maracanã, por exemplo. O custo seria nenhum – explica o secretário.
Para Roseli Cordeiro Filardo, ex-jogadora e presidente da Liga Brasileira de Futebol Feminino, conhecida como "Rose do Rio",um primeiro passo seria que os departamentos femininos tanto da CBF quanto da Federação, de fato, funcionassem. "Que tenham vida, que expressem a realidade e o respeito ao futebol feminino para a organização de calendários e competições de todas as faixas etárias", cobrou ela.
O secretário Eduardo Paes se comprometeu a cobrar da Federação uma definição sobre os representantes oficiais da modalidade no Rio.
Além de Paes, estiveram presentes a deputada estadual Inês Pandeló (PT), idealizadora da iniciativa, representantes do ministério dos Esportes e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, associações ligadas ao futebol feminino e diversas atletas.http://www.suderj.rj.gov.br/detalhe_noticia.asp?ident=29
O futebol feminino é, definitivamente, o novo foco da Bombril. Depois de ter investido R$ 5 milhões para patrocinar o Torneio Internacional Cidade de São Paulo e o Torneio Internacional de clubes e de ter comprado inserções publicitárias nos canais Band e Bandsports durante a exibição dos jogos, a empresa anunciou nesta quinta-feira uma nova investida no segmento. Trata-se de um acordo com o Palmeiras.
A equipe alviverde terá a marca da Bombril em seus uniformes durante a participação no Torneio Internacional. A competição acontecerá até o dia 15 de janeiro, em Araraquara, e a empresa não divulgou o investimento feito para selar esse acordo.
“O nosso maior desafio é alavancar o futebol feminino no Brasil. O Palmeiras é hoje uma das equipes mais competitivas da categoria e aposta no futebol feminino, assim como a Bombril”, disse Marcos Scaldelai, diretor de marketing da companhia.
Durante o torneio, a Bombril terá direito a exposição de marca em seis placas de publicidade estática ao redor do campo. Além do Palmeiras, o torneio é disputado por Santos, Foz Cataratas e Umea (Suécia).
Antropólogo explica Campeonato do Laço Branco e a proposta de luta contra a violência à mulher
Bruno Camarão
Ações de sociabilização por intermédio do futebol inspiraram o cenário global em 2010. E a realização da primeira Copa do Mundo em continente africano é o símbolo majoritário do processo. Na esteira dessa atmosfera, o Promundo, organização não-governamental (ONG) brasileira que busca promover a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres, crianças e jovens, criou um projeto pioneiro que agrega a modalidade esportiva com oficinas educativas: trata-se do Campeonato do Laço Branco.
Financiada pelo Fundo Fiduciário das Nações Unidas para Eliminar a Violência Contra a Mulher, a empreitada utilizou um torneio de futebol para atrair homens jovens e adultos para as oficinas educativas e debates na comunidade. Além do jogo, propriamente, os inscritos participaram de debates sobre prevenção de violência, igualdade de gênero, paternidade e cuidado.
No total, 140 homens atuaram durante seis meses em 99 jogos, 105 oficinas e 21 eventos. Uniformes personalizados, cartazes, panfletos, placares, trio de arbitragem profissional, brindes, além de diversos materiais e intervenções desenhadas pela equipe do Promundo em conjunto com os membros da comunidade, compuseram o projeto. Um jornal semanal com noticias sobre a campanha, o campeonato e a comunidade também foi desenvolvido.
“Nesse espaço tentamos questionar muitos dos valores machistas que existem na nossa sociedade, mas sem julgar as pessoas: a ideia é que cada homem escute, fale, e reflita sobre a vida e os relacionamentos dele”, explicou Fabio Verani, assistente sênior do Promundo, nesta entrevista à Universidade do Futebol.
O principal alvo da campanha social foi promover a conscientização sobre o papel do homem e da comunidade no enfrentamento da violência contra as mulheres. A base ideológica da competição, de fato, era a confraternização entre os cidadãos.
O Campeonato Laço Branco foi um dos seis projetos selecionados entre as 293 iniciativas inscritas para concorrer ao prêmio regional Nike/Changemakers na categoria“Modificando vidas através do futebol”pelas ações realizadas pelo projeto durante esse ano na comunidade do morro Santa Marta, no Rio de Janeiro.
Fundado em 1997, o Promundo atua ainda na área de pesquisas relacionadas à igualdade de gênero e saúde, na implementação e na avaliação de programas que buscam promover mudanças positivas nas normas de gênero e nos comportamentos de indivíduos, famílias e comunidades e na advocacy pela integração dessas iniciativas e da perspectiva da igualdade de gênero em políticas públicas.
“Entendemos que o futebol, às vezes, tem um papel importante na disseminação de valores machistas e que podemos questionar algumas dessas atitudes machistas dentro do próprio esporte”, acrescentou Fabio, que é antropólogo de formação e se especializou na área de saúde pública.
Os desafios do Promundo incluem ainda a necessidade de fortificar as alianças entre as organizações que lutam pelos diretos das mulheres e outros movimentos de justiça social para engajar o setor privado, formadores de opinião, ídolos e que esse engajamento esteja integrado com a promoção de justiça de gênero de maneira ampla.
Universidade do Futebol –Qual a sua formação acadêmica e como se deu o seu ingresso no Promundo?
Fabio Verani –Eu me formei em Antropologia e depois fiz um mestrado em Saúde Pública. Trabalhei com assuntos ligados a saúde, direitos humanos, HIV e AIDS e gênero nos Estados Unidos e no Brasil.
Estou com o Promundo há três anos e meio trabalhando com publicações, incluindo um guia sobre ferramentas para trabalhar com homens e meninos na promoção de equidade de gênero; projetos de adaptações do Programa H (projeto e manual que busca engajar os homens na equidade de gênero), e também nessa iniciativa no morro de Santa Marta que aborda os homens para prevenir a violência contra a mulher.
*Nota da Redação: o Manual H é dividido em cinco livros: Sexualidade e Saúde Reprodutiva, Paternidade e Cuidado, Da violência para a convivência, Razões e Emoções e Prevenindo e vivendo com HIV/AIDS.
Os manuais do Programa H, disponíveis em português, espanhol e inglês, orientam o trabalho de sensibilização de homens jovens para o questionamento de normas sociais tradicionais de gênero.
Cada manual é composto de uma introdução teórica ao tema, técnicas de trabalho em grupo e um índice de referência de outros materiais, fontes e recursos de pesquisa. Para baixar cada um desses documentos, cliqueaqui.
Universidade do Futebol –O Promundo é uma ONG que tem como missão promover a igualdade de gênero e o fim da violência contra mulheres, crianças e jovens. De que forma o futebol aparece como aliado nesse processo?
Fabio Verani –Apareceu agora como estratégia para engajar homens adultos, utilizando o esporte. Entendemos que temos que buscar os homens nos lugares que eles frequentam – nesse caso, o campo de futebol. Também entendemos que o futebol, às vezes, tem um papel importante na disseminação de valores machistas e que podemos questionar algumas dessas atitudes machistas dentro do próprio esporte.
Estamos fazendo nossa avaliação do projeto e em 2011 devemos divulgar resultados do projeto. Também estamos fazendo um DVD curto com entrevistas e clipes do campeonato que deve ficar pronto no início de 2011.
Já conhecemos pelo menos uma organização (Sonke Gender Justice, na África do Sul) que está adaptando nossa metodologia de oficinas, campanha e futebol para seu contexto.
*Nota da Redação: a Sonke Gender Justice Network trabalha em toda a África para fortalecer o governo, a sociedade civil e a capacidade dos cidadãos para apoiar homens e meninos a tomar medidas para: promover a igualdade de gênero; prevenir a violência doméstica e sexual; e reduzir a disseminação e o impacto do HIV e da AIDS.
A organização contribui para o desenvolvimento de sociedades mais justas e democráticas, em que homens, mulheres, jovens e crianças possam desfrutar de relações de maneira equitativa, saudável e feliz.
A campanhaOne Man Cané o projeto principal da Sonke Gender Justice.
Universidade do Futebol –O Campeonato do Laço Branco é um projeto do Promundo que mistura o esporte com oficinas educativas. Por favor, explique um pouco mais sobre detalhes disso.
Fabio Verani –O futebol é utilizado como uma forma de mobilizar homens para participarem do projeto (mais especificamente das oficinas), assim como um evento semanal que traz grande público dentro da comunidade. Durante o evento em si podemos chegar a mais gente com materiais e informações da campanha para eliminar a violência contra mulher.
Apesar do fato de que as oficinas eram somente para os homens que jogavam no campeonato, eles passavam algumas das informações das oficinas para os outros moradores da comunidade e muitos tinham orgulho de participar da empreitada. As oficinas eram espaços onde os homens podiam conversar e ouvir as experiências e pensamentos de cada um.
Nesse espaço tentamos questionar muitos dos valores machistas que existem na nossa sociedade, mas sem julgar as pessoas: a ideia é que cada homem escute, fale, e reflita sobre a vida e os relacionamentos dele.
*Nota da Redação: Uma preocupante estatística expressa em recente estudo publicado pelo Instituto Sangari aponta que a violência doméstica mata 10 mulheres por dia no Brasil. O mapa da violência indica ainda que 41.532 das mulheres no Brasil foram assassinadas entre os anos de 1997 a 2007. O que significa que uma mulher foi morta a cada duas horas durante esses 10 anos.
O caso do jogador de futebol Bruno Fernandes atraiu ainda mais a atenção mundial para a urgente situação. Relatos da polícia evidenciam que a ex-namorada do jogador foi estrangulada e seu corpo foi jogado aos cães. Os restos mortais de Eliza Samudi ainda não foram encontrados e a polícia diz que Fernandes já tinha um histórico de violência registrado em seus autos. O primo do Bruno confessou ter assistido o jogador matar a mãe de seu filho recém nascido e acompanhado de amigos e familiares.
A brutalidade do incidente, entretanto, não é nada incomum ao se voltar os olhos para a realidade nacional – o índice de homicídios causados por violência domestica são de 25,2 por cada 100.000 pessoas.
Dessa forma, o Brasil ocupa o décimo lugar no ranking de países campeões de homicídio com intenção de matar no mundo. Os principais motivos que causam esses crimes são geralmente absurdos (dizer não para o sexo ou querer terminar a relação são a maioria).
Em 50 % dos casos, a justificativa é classificada como fútil, podendo ser originado em discussões domésticas. 10% são crimes passionais, relacionados a ciúmes, por exemplo, e 10 % são relacionados ao uso de drogas e tráfico.
O alvo do Promundo é diminuir significativamente a violência doméstica brasileira, relacionando de maneira estratégica o amor dos homens pelo futebol com oficinas informativas sobre prevenção de violência contra as mulheres.
Universidade do Futebol –Há uma metodologia especial nesse tipo de ação? Se é que é possível, de que forma ela poderia ser adaptada e aplicada em outros contextos?
Fabio Verani –Existe uma metodologia em temos das oficinas com os homens e também com a campanha na comunidade. As atividades que usamos nas oficinas foram adaptadas do Manual H (H para Homem) e outros trabalhos do Promundo e elas podem ser encontrado no site do Promundo (www.promundo.org.br).
O Manual H já foi utilizado e adaptado em muitos contextos e inclusive em muitos países diferentes. Frequentemente, o próprio Promundo ajuda outras instituições a adaptarem o manual e o projeto para seu contexto. Tivemos muito trabalho para adaptar o manual para esse trabalho e para desenhar esse projeto.
Tanto o manual do projeto de futebol, como algumas lições aprendidas e as ferramentas que usamos, será disponibilizado em breve no nosso site, também.
Nossa ideia como instituição é de incentivar e ajudar outras instituições a fazerem o mesmo trabalho ou adaptarem e utilizarem o máximo possível nossos materiais e metodologias.
Vídeo apresenta a história de Maria, uma menina como muitas outras, que começa a questionar as expectativas de como ela deve ou não deve ser
Universidade do Futebol –O cenário atual do mundo é também inspirar a mudança social por intermédio do futebol? Em sua opinião, como liberar o potencial de jovens, para que estes fortaleçam suas comunidades, alavanquem o desenvolvimento e promovam mudanças?
Fabio Verani –Confiando neles e envolvendo-os em ações nas quais os próprios possam criar ou ajudar a criar. No caso do futebol como inspirador de mudança social, acredito que também temos que estar cientes de como o esporte já está carregado de muitos valores que podemos considerar machistas ou negativas e estar disposto a questionar esses valores, além de valorizar outras muitas coisas que são positivas no esporte.
Universidade do Futebol –Você acredita que é possível pensar a formação de jovens jogadores de futebol sem a criação de um programa que gerencie o crescimento pessoal, social e profissional de modo interdisciplinar?
Fabio Verani –Não sei. Não trabalhamos com esporte, em geral. Ouvimos dos jogadores é que este foi um ótimo campeonato, com muita paz, especificamente por causa do conteúdo social e das oficinas das quais todos os homens participaram.
Universidade do Futebol –Ao se pensar na forma como o futebol se constrói na nossa sociedade, naturalizado como uma prática masculina (entendida como sinônimo de heterossexualidade), a ideia de um homem gay gostar de futebol pode ser concebida em algum momento?
Fabio Verani –Obviamente, muitos homens gays gostam de futebol e jogam futebol (inclusive profissionalmente), mas devido ao fato que o futebol é carregado de muitos preconceitos e estereótipos machistas, que vêm da nossa sociedade, viver a sexualidade abertamente no mundo de futebol profissional é ainda muito difícil.
Além disso, como mencionei antes, o futebol contém muitos valores machistas que incluem muitas atitudes extremamente homofônicas, as quais podemos ver refletidas de maneira geral no esporte, em jogadores, torcedores, técnicos, diretores e na mídia esportiva.
Universidade do Futebol –Em se considerando que a virilidade acompanha o prazer pelo futebol, o que fazer quando se é gay e o futebol é uma das paixões desse indivíduo? Esse tipo de questão também é tratado no Promundo?
Fabio Verani –Não trabalhamos a questão de um homem gay gostar ou não gostar de futebol, pois qualquer opção (gostar ou não gostar de futebol) é completamente normal. O fato de a nossa sociedade ainda pensar em estereótipos sobre o que um homem gay (ou uma mulher lésbica) deve gostar ou fazer reflete o machismo. Como também achar que um homem heterossexual tem que gostar de futebol (e não de dança ou arte, por exemplo) também reflete muito machismo. Tentamos é quebrar esses estereótipos e preconceitos com os homens e mulheres.