terça-feira, 29 de março de 2011

Paciente, goleira norueguesa divide função com engenharia e lamenta ‘solidão’ em treinamentos

Ingrid Hjelmseth teve de aguardar fim do ciclo de Bente Nordby e superar lesões para se firmar na seleção européia

Uma engenheira a serviço da Noruega

Ingrid Hjelmseth (foto AFP) sempre foi uma jogadora promissora. A sua afirmação na seleção principal da Noruega, entretanto, esteve condicionada – e limitada – à presença de Bente Nordby, umas das grandes goleiras da história recente da modalidade. Mas o tempo chegou para a eterna titular, e a guarda-metas de 30 anos, que também superou uma série de lesões, assumiu a camisa 1.

Fora das duas últimas edições da Copa do Mundo Feminina da Fifa, justamente por problemas médicos, Hjelmseth debutará no Mundial deste ano, que ocorrerá na Alemanha. A certeza de que desempenhará um grande papel se ampara na performance apresentada na Euro 2009, na Finlândia.

“O ambiente vai ser espetacular porque muitos ingressos já foram vendidos. O torneio motiva muito a todas as jogadoras. E especialmente a nós, porque muitos dos nossos torcedores deverão viajar para nos assistirem. O objetivo é lutar pelas medalhas e também conseguir uma vaga nos Jogos Olímpicos de Londres 2012”, disse Hjelmseth, em entrevista ao site oficial da Fifa.

A temporada oficial na Noruega começa no próximo dia 2 de abril. Antes disso, as mulheres participaram também de um Mundialito em Portugal, que serviu como preparação para a disputa em terras germânicas. Hjelmseth, plena fisicamente, estará lá.

Em 2003, ela torceu um dos pulsos dois dias antes da primeira partida do Mundial daquele ano e precisei voltar para casa. Já em 2007, lesionou um dos joelhos. “Foi muito amargo, mas a Alemanha será a minha Copa do Mundo”, prevê.

Sobre o fato de ter sido reserva durante anos de Bente Nordby, Hjelmseth encara a situação com naturalidade. “Ela foi uma das melhores goleiras do mundo, aprendi muito com ela e por isso sei que tenho muita responsabilidade”, elogiou a jogadora, que é uma das mais experientes de um grupo que busca a renovação.

“As jovens que chegam são mais técnicas e têm um bom preparo físico. Com a contribuição delas, a seleção melhorou tecnicamente e ficou mais competitiva”, apontou.

Ao ser questionada sobre o desempenho geral de atletas que atuam em sua posição, Hjelmseth rebate aqueles mais críticos. “Não concordo com quem diz que as goleiras são o ponto fraco do esporte. Talvez as jogadoras de linha brilhem mais, mas existem grandes goleiras como a americana Hope Solo e a alemã Nadine Angerer”, elencou.

“A nossa posição é difícil e muito solitária na preparação, porque ainda não há treinadores específicos como os do futebol masculino. Mas estamos trabalhando bem e bastante”, completou, lamento o fato de não haver tantos treinadores de goleiras.

Não bastasse o isolamento e a falta de auxiliares no dia-a-dia de treinamentos, Hjelmseth também tem de conviver com uma jornada dupla. Ela dedica 60% do seu tempo ao trabalho como engenheira em uma empresa de Oslo. E vê com bons olhos tal situação.

“É bom contar com outra atividade e não pensar em futebol o dia todo, e também é muito bom para exercitar a mente”, justificou Hjelmseth, que após tanta luta para vingar nos campos, ainda não pensa em se aposentar.

Equipe Universidade do Futebol

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domingo, 13 de março de 2011

Debate: A realidade e as tendências do futebol feminino

O futebol feminino terá mais um fórum de discussão para seu engrandecimento

O Club de Regatas Vasco da Gama irá realizar o I Encontro de Futebol Feminino do Rio de Janeiro no dia 26 de março, na Sede Náutica do Calabouço. O objetivo do encontro que está sendo organizado pelo Vasco e pela Marinha do Brasil é promover debates acerca da realidade e tendências do futebol feminino no Rio de Janeiro. 

Para se inscrever no evento, os interessados devem entrar em contato com o Departamento de Futebol Feminino por e-mail: paulo.neves@crvascodagama.com
A inscrição é gratuita.

Confira a programação do encontro:

9h às 12h - Primeiro bloco de debates: O desenvolvimento do futebol feminino.
13h às 17h - Segundo bloco de debates: Dificuldades do futebol feminino

26/03: I Encontro de Futebol Feminino (9h às 17h)
Sede Náutica do Calabouço: Rua Jardel Jercolis, s/nº, Centro, entre o aeroporto Santos Dumont e o SAM.

Equipe feminina de futebol do Vasco

 Site oficial do Vasco

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sábado, 12 de março de 2011

Augusto Moura de Oliveira, treinador da seleção feminina do Haiti

Pós-graduado pela UFV fala sobre experiência naquele país e da sua atuação em escolinhas de futebol
Bruno Camarão

O passado recente explica a desestruturação geral do Haiti, que conviveu durante anos em um cenário político atribulado. Em 2010, o país foi devastado por um terremoto de sete graus na escala Richter, que matou mais de 200 mil pessoas. E somente na força divina e no amparo proveniente da família e dos amigos restantes que muitas pessoas conseguiram se reerguer.

Vinte e três mulheres, representantes da seleção feminina de futebol haitiana, entretanto, viram o Brasil também como um porto seguro. E o esporte passou a integrar a remontagem sentimental da mais pobre das nações americanas.

Por intermédio de uma parceria entre a federação de futebol daquele país, o Ministério da Defesa, a Marinha do Brasil, a ONG Viva Rio e a Universidade Federal de Viçosa, viabilizou-se a preparação da equipe para a Copa Ouro, torneio eliminatório para a Copa Mundo que acontece este ano, na Alemanha.

“Foram três meses de um aprendizado fantástico, nutrido por inúmeras situações dentro e fora de campo, em que eu e toda comissão técnica nos tornávamos seres humanos melhores a cada momento”, definiu Augusto Moura de Oliveira, escolhido como treinador daquele time.

Ele conviveu com atletas como Betty Sanoun, que aos 25 anos quase perdeu a vida por causa do forte tremor – a meio-campista permaneceu soterrada por um dia inteiro após o desabamento de sua residência, na capital Porto Príncipe. Foram mais de dois meses de preparação envolvendo todas as avaliações físicas, laboratoriais, jogos amistosos e escolha das vinte mulheres que viajariam ao México para representar o Haiti na competição internacional.

“Muitos foram os aprendizados, pois pretendíamos respeitar as características do futebol haitiano; porém, implantarmos um estilo brasileiro de atuar dentro de campo, com qualidade na posse de bola, variações táticas e mais liberdade nas ações técnico-táticas individuais e coletivas”, revelou Augusto, que encontrou um pouco de resistência e dificuldade para implementar suas ideias.

Em termos práticos, o coordenador técnico da escola de futebol Fogo Maringá enalteceu a importância de aplicar o treinamento de forma globalizada, com o intuito de otimizar a questão técnica dos gestos motores das atletas. Princípios de ataque e defesa, em jogos reduzidos, foram delineados por Augusto e sua comissão, formada por: Alexandre Lemos (assistente técnico), Jorge Augusto (preparador físico), Luiz Carlos (preparador de goleiros) e Paulinho (Massagista).

Êxitos em termos de resultado à parte – o Haiti acabou não se classificando para o Mundial feminino –, a experiência de Augusto diante de um cenário histórico suplantou qualquer outro fator. Nesta entrevista concedida à Universidade do Futebol, ele fala mais sobre sua atuação com as haitianas e aborda ainda de maneira profunda o processo de formação do jogador brasileiro, a partir das ideias do livro Escola de Futebol: dicas administrativas e pedagógicas para alcançar o sucesso, de sua autoria.



 
Seleção feminina de futebol do Haiti: considerações acerca dos treinamentos técnico e tático 
 

Universidade do Futebol – Qual a sua trajetória acadêmica e como ocorreu o ingresso no ambiente do futebol?

Augusto Moura de Oliveira –
 Eu me formei em Educação Física pelo Centro Universitário de Maringá, em 2005. Após isso, concluí o curso de pós- graduação em Futebol na Universidade Federal de Viçosa, em 2007. No primeiro ano de faculdade tive a oportunidade de ingressar como estagiário no Projeto Revelação de uma entidade filantrópica chamada Lar Escola de Criança de Maringá. Tal projeto objetivava suprir o tempo ocioso dos jovens com um programa de iniciação esportiva ao futebol de campo.

De lá para cá foram inúmeras participações em congressos, passagem por diversos clubes de formação, criação de um simpósio de futebol e recentemente o trabalho como treinador da seleção feminina de futebol do Haiti.

Universidade do Futebol – 
Fale um pouco sobre os obstáculos estruturais e sociais que o Haiti enfrenta, bem como os motivos da cultura motora não ter sido desenvolvida a contento com os atletas.

Augusto Moura de Oliveira – O passado recente nos explica a desestruturação do país de maneira geral, porém, há muitos anos, o Haiti enfrenta problemas políticos que afetam as demais esferas da nação. No âmbito esportivo não seria diferente, embora o futebol seja um dos esportes favoritos lá. As condições das estruturas físicas estão bem longe de serem apropriadas para desenvolver projetos esportivos e sociais com intuito de preencher o contra-turno dos jovens.

A nação encontra-se com escassez de infraestrutura básicas, como saneamento, educação, energia elétrica, asfalto, dentre outros que acabam por dificultar o avanço no que diz respeito a prática desportiva.




Haiti pós-terremoto: falta de estrutura, campos de futebol usados como abrigo e abalo emocional das atletas 

 

Universidade do Futebol – Como foi a experiência de comandar a seleção feminina do Haiti na preparação para a Copa Ouro? Detectou muitas especificidades em relação aos projetos desenvolvidos no Brasil?

Augusto Moura de Oliveira – É impar o momento de estar à frente de uma seleção nacional. Foram três meses de um aprendizado fantástico, nutrido por inúmeras situações dentro e fora de campo, em que eu e toda comissão técnica nos tornávamos seres humanos melhores a cada momento.

Através de uma parceria entre Ministério da Defesa, Marinha do Brasil, ONG Viva Rio e Universidade Federal de Viçosa, viabilizou-se a vinda da seleção haitiana de futebol feminino ao Brasil objetivando a preparação para a Copa Ouro, eliminatórias da Copa Mundo que acontece este ano na Alemanha.

Diante disso, recebi uma ligação do coordenador do curso de pós- graduação em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, João Bouzas Marins. Durante o contato, ele resumiu o projeto e foi direto ao assunto ao me questionar se eu aceitaria ser o treinador dessa seleção feminina.

De fato, fiquei surpreso com o convite, mas ao mesmo tempo muito motivado pelo pouco tempo de trabalho e pela grandeza da missão.

Desde então, passaram-se duas semanas e eu já estava em Viçosa reunido com os professores doutores João Bouzas, Próspero Paoli e José Muanis para discutir o desenvolvimento do projeto e suas etapas de acontecimento.

Foram 70 dias de preparação envolvendo todas as avaliações físicas, laboratoriais, jogos amistosos e seleção final das vinte atletas que viajariam ao México para representar o Haiti numa competição internacional.

Muitos foram os aprendizados, pois pretendíamos respeitar as características do futebol haitiano; porém, implantarmos um estilo brasileiro de atuar dentro de campo, com qualidade na posse de bola, variações táticas e mais liberdade nas ações técnico-táticas individuais e coletivas.

Para implantarmos esse conteúdo encontramos um pouco de resistência e dificuldade, todavia fomos nos utilizando de jogos em espaço reduzido, pequenos e médios jogos com regras adaptadas a fim de inserir os conteúdos planejados e atingirmos nossos objetivos.

 

Entrevista com João Carlos Bouzas, professor da UFV 




Da surpresa do convite à motivação por causa da grandeza da missão: Augusto assumiu a seleção feminina do Haiti e participou de importante processo histórico 

 

Universidade do Futebol – Como é estruturado o futebol – de maneira geral – naquele país? As mulheres possuem suporte, ou é uma realidade ainda bem precária? E a metodologia de trabalho definida para o treinamento da equipe?

Augusto Moura de Oliveira – No Brasil, já estamos numa escala maior graças ao trabalho de profissionais dedicados ao futebol feminino, contudo vale destacar que o patamar que atingimos é graças a pessoas como Renê Simões, Jorge Barcelos e Kleiton Lima. 

Este último merece destaque especial pela contribuição à modalidade em nosso país estando à frente do Santos por 13 anos e por comandar os triunfos recentes da seleção principal de futebol feminino no Brasil.

Resolvi citá-lo pelo carinho com que nos recebeu para uma partida amistosa na Granja Comary e, principalmente, pelo respeito e atenção de toda sua comissão técnica e atletas. Após esse jogo, conversamos por longos minutos sobre o panorama geral do futebol feminino no Brasil e no Haiti.

É sabido dos obstáculos que se enfrentam por aqui para fazer da modalidade cada dia mais profissional. Diante disso, guardada as devidas proporções da comparação.

No Haiti, as condições são inferiores, já que os campos de futebol foram transformados em abrigos e alojamentos para centenas de famílias após o terremoto.

Existe uma liga feminina de futebol, porém um pouco longe de ser profissional e tampouco estruturada de forma que garanta às mulheres exercer apenas a profissão de atletas de futebol no país. 

Mas vale lembrar que o Haiti passa por um forte processo de reconstrução, no qual a ONG Viva Rio e a Universidade Federal de Viçosa estão somando forças com intuito de fornecer investimento e material humano para estabelecer e estruturar a prática esportiva desde a mais tenra idade, objetivando criar uma cultura esportiva e fornecer estímulos necessários para que os jovens desenvolvam suas potencialidades.

Sobre a metodologia de trabalho, foi de suma importância nossa decisão quanto à aplicação do treinamento de forma globalizada, a fim de otimizar a questão técnica dos gestos motores e deixar claro que um repertório motor desenvolvido de forma adequada facilita a transferência para o elemento tático do jogo, visto que o maior repertório técnico influencia diretamente na tomada de decisão.

Diante dessa perspectiva, utilizamos exercícios mirando não apenas a correção do movimento e refinamento do gesto, mas também com a intenção de desenvolver os princípios de ataque e defesa durante as sessões de treino. 

Para tanto, criamos jogos para execução das ações táticas específicas e situacionais com a intenção de fornecer e nutrir o repertório motor e cognitivo das atletas a fim de equilibrar o desenvolvimento ofensivo e defensivo da equipe.

Universidade do Futebol – Em seu livro “Escolas de Futebol: dicas administrativas e pedagógicas para alcançar o sucesso, você elenca características específicas para a montagem de um projeto desse tipo. Poderia explicar um pouco sobre o processo de confecção da obra e quais são os principais temas abordados?

Augusto Moura de Oliveira – Foi resultado de ampla pesquisa e alguns anos de trabalho como gestor e consultor de escolas de futebol.

A obra apresenta dicas e modelos de intervenção resumidos de forma sucinta, rápida e criativa. O conteúdo busca orientar professores e gestores de escolas desportivas para que as ações alcancem sucesso e minimizem erros durante a temporada.

Sendo assim, podemos elencar diversas dicas e sugestões de atividades práticas para otimizar o processo de intervenção dos profissionais que atuam nas escolas de futebol

 




Confira mais informações sobre a obra

 

Universidade do Futebol – De que forma são reconhecidos os líderes individuais entre as crianças e de que forma deve ser trabalhada a liderança construtiva pelos professores, coordenadores e técnicos?

Augusto Moura de Oliveira – Ouso afirmar que professores de futebol atentos ao processo de ensino-aprendizagem tornam-se capazes de identificar com certa facilidade as características individuais dos alunos que compõem as mais diversas turmas de uma entidade desportiva.

Para tanto, detectar vontades, desejos, vaidades, carências e necessidades faz parte de uma gama de habilidades que os professores desenvolvem ao trabalhar diariamente com jovens futebolistas. 

A liderança é uma das habilidades percebidas através desse contato. No entanto, o aluno apresenta características operacionais, criatividade, facilidade de assimilação do conteúdo ministrado, motivação, capacidade de incentivar os demais integrantes e externar sua opiniões com naturalidade.

Diante disso, cabe ao professor desenvolver atividades que potencializem esses adjetivos, bem como dinâmicas que requerem expressão individual dentro do grupo.

Universidade do Futebol – Walter Benjamin diz que o grande equívoco em relação aos brinquedos fabricados é o fato de que estes são sempre pensados como produções para as crianças e não como criações das crianças. Os brinquedos, atualmente industrializados e produzidos em séries, limitam a criatividade das crianças, mesmo quando estas não são totalmente servis a eles?

Augusto Moura de Oliveira – Os brinquedos infantis evoluíram muito nos últimos anos, pois existem preocupações no tocante ao tipo de inteligência que o mesmo desenvolverá e também sobre as mais variadas faixas etárias a que se destinam tais objetos.

Para tanto, é função dos professores e instrutores utilizarem-se da criação e recriação de formas e meios de se desenvolver habilidades e inteligências que servirão de premissas para aprendizagens futuras.

Diante dessa perspectiva, a criança deverá sempre dominar e manipular o brinquedo, e não o contrário.

Universidade do Futebol – O jogo de futebol não é feito apenas de fundamentos, movimentos técnicos, sendo a relação com a bola apenas uma das competências essências dessa prática. Como desenvolver esses mesmos jogos facilitando a aprendizagem da estruturação do espaço e da comunicação na ação?

Augusto Moura de Oliveira – Não podemos pensar no processo de ensino- aprendizagem do futebol de campo se fragmentarmos as ações técnico- táticas. O todo deve prevalecer também no processo de ensino.

No entanto, a redução dos espaços, a adaptação das regras e a criação de jogos pré-desportivos são de suma importância para que se desenvolva um ambiente de aprendizagem satisfatório.

Os professores devem planejar vossas aulas com o devido cuidado, respeitando os aspectos biológicos, fisiológicos e motores dos aprendizes.

Hoje em dia a literatura se encontra vasta no sentido de ofertar conhecimento aos estudantes e profissionais de educação física que atuam nas escolas de futebol.
 


A criança e a iniciação esportiva

 

Universidade do Futebol – O fato de as crianças não brincarem mais tanto de futebol, desenvolvendo essa atividade majoritariamente em escolinhas ao comando de um professor muitas vezes tecnicista, pode acarretar em uma perda da identidade brasileira ao longo do tempo?

Augusto Moura de Oliveira – A pergunta é pertinente ao extremo, haja vista o número de intervenções práticas ministradas por instrutores de futebol que apenas reproduzem o que lhes foi ensinado num passado não tão distante.

Sabe-se no mundo inteiro que o futebol brasileiro é conhecido e reconhecido pelo talento individual, pela ousadia com a posse da bola, pelos dribles e tabelas que tanto encantam e premiam nossos craques pelo mundo afora.

De fato, o cenário atual preocupa, mas cabe, sim, aos profissionais de educação física fazer do ambiente responsável pelo ensino do futebol uma ferramenta capaz de suprir a necessidade de movimento das crianças e, principalmente, ofertar estímulos motores e cognitivos satisfatórios.

Uma abordagem prática deve ser baseada no conhecimento afetivo, cognitvo e motor que o jovem já possui. Entretanto, o lúdico deve prevalecer sempre no planejamento das sessões de treino. O jovem futebolista deve ser incentivado a brincar de jogar futebol dentro do ambiente formal.

Logo, tomar nota dos tipos de brincadeiras que as crianças mais gostam e participam em ambientes fora da escola de futebol se faz necessário para que os treinos de futebol atinjam seus objetivos e mantenham os praticantes envolvidos por inteiro nas atividades.

É igualmente importante sublinhar que o futebol brasileiro estará sujeito à perda da identidade apenas se os profissionais não qualificados forem maioria no nosso país. Porém, isso não me preocupa, pois existem diversas instituições de ensino formando e capacitando profissionais competentes para trabalharem com futebol – e o mais importante é que clubes de formação e escolas de futebol oportunizem a aplicação desse conhecimento.

Universidade do Futebol – Quais as semelhanças e diferenças você consegue identificar entre uma pelada e um jogo oficial? O bom peladeiro será necessariamente um bom jogador do “esporte futebol”?

Augusto Moura de Oliveira – Uma pelada de futebol apresenta vertentes que merecem atenção quando pensamos em liberdade, movimentos espontâneos, improvisação, interação e disseminação da cultura esportiva. 

Numa pelada, os participantes possuem as mais diversas idades, capacidades motoras bem ou mal desenvolvidas, biótipos propícios ou não, intenções particulares com aquela prática e, principalmente, aquela sensação que se pode realizar jogadas geniais como os grandes jogadores.

Já uma partida oficial se encaixa nas mais diversas formas que o futebol se apresenta, seja como espetáculo, negócio ou rendimento esportivo. 

Podemos detectar as regras sendo aplicadas, a mídia cobrindo o espetáculo e transmitindo para milhões de pessoas em todo o mundo e todos os demais detalhes percebidos somente por quem já viu alguma vez na vida uma partida oficial dentro de um estádio de futebol.

Seria rigidez exacerbada afirmar que um bom peladeiro não pode se tornar um ótimo jogador de futebol, logo, um bom peladeiro que apresente pré-requisitos interessantes poderá, sim, ser um jogador de futebol que atenda às necessidades físicas, técnicas e táticas de determinados clubes e treinadores.



 

Universidade do Futebol – Como você vê, dentro do âmbito escolar e das próprias escolinhas de futebol, a possibilidade de instrumentalizar o futebol para integrar novos conhecimentos?

Augusto Moura de Oliveira – Muitas são as opções de agregar valor ao processo de ensino- aprendizagem do futebol dentro e fora das escolas de futebol. Ações inovadoras servem de ferramenta aos professores das escolas de iniciação e especialização esportiva para que atinjam níveis maiores de desenvolvimento global.

Mais uma vez volto a frisar a importância de se possuir professores motivados e interessados em fazer dessa prática esportiva uma excelente oportunidade de transmissão de conhecimento, onde a geração de discussões sobre os mais variados temas, ou seja, uma simples palestra com profissionais da área da saúde, políticos, empresários, policiais, dentre outros, pode fornecer estímulos a fim de contribuir com a formação de indivíduos mais críticos e possuidores de conhecimento horizontal.

Universidade do Futebol – Para formar um jogador de futebol, não basta apenas oferecer a estrutura física adequada, mas é preciso investir em preparação motora e psicológica, além de promover uma prática orientada e planejada do esporte desde a infância. No Brasil, você consegue detectar projetos integrais consolidados de escolas de futebol?

Augusto Moura de Oliveira – Um pouco longe do ideal, mas no Brasil já se pode detectar instituições completamente preocupadas com a execução completa do processo de preparação de jovens futebolistas.

De fato, uma estrutura física adequada, profissionais capacitados, equipe multidisciplinar, saúde financeira, planejamento estratégico e plano de cargo e salário devem reger a interação desse organograma com intuito de qualificar ainda mais o mecanismo de formação de jogadores no Brasil.

Sabemos que a partir do momento que um garoto ou uma garota sai de casa e passa a morar em alojamentos dos clubes de formação, a responsabilidade pelo processo de educação desses indivíduos será função do clube, pois este terá contato diário com os atletas durante anos.

Posso citar o Clube Atlético Paranaense, o Cruzeiro, o Atlético Mineiro e o Coritiba como instituições que ofertam suporte total aos garotos de suas categorias de base. Ouso elencar esses clubes simplesmente por conhecer tanto a estrutura física quanto os profissionais que lá trabalham.

Contudo, é louvável mencionar que os citados acima também possuem planejamento para carreiras de profissionais de educação física, haja vista o número de anos que os mesmos atuam dentro dos clubes e também aevolução gradativa dentro do organograma.




Alguns clubes realizam um trabalho de base estruturado e pautado na contratação de profissionais qualificados: é o caso do Atlético-PR, com suas Escolas Furacão

 

Universidade do Futebol – Como você avalia o processo de detecção e desenvolvimento de talento do jogador de futebol no Brasil? Os grandes clubes formadores sabem exatamente que jogador estão procurando para fazer parte desse contexto?

Augusto Moura de Oliveira – O processo de diagnóstico, seleção e promoção dos jovens talentosos no Brasil acontece diariamente nos mais diversos locais onde se pratica futebol. Entretanto, muitos clubes já desenvolveram métodos eficazes de avaliar e minimizar erros durante a seleção e detecção desses talentos.

Embora exista essa preocupação, muitos talentos não conseguem êxito na carreira de jogador de futebol. Isso se deve às inúmeras variáveis que permeiam o fenômeno social no qual se encaixa a modalidade futebol.

Os valores que se pode atingir com compra e venda de jogadores de futebol no Brasil e no mundo faz com que clubes formadores, empresários, dirigentes e pais queimem etapas, alterem comportamento e se esqueçam do processo educacional.

Evidente que clubes formadores sabem o que procuram, entretanto, os meios que usam para alcançar objetivos finais é o que torna o processo preocupante. Estamos cansados de ver em programas de televisão, jornais e internet o número de empresários e agentes que atuam no Brasil e todos se mostram sabedores de qual é o melhor caminho para os jovens.

Os agentes e empresários são parte do futebol, sim. Na grande maioria das vezes são os maiores parceiros dos clubes na captação e indicação de jogadores. Esse fato explica a importância desses profissionais.

Logo, em nosso país, a oferta é, sim, muito maior que a procura. Tal panorama nos faz refletir sobre como devemos lidar com as perspectivas daqueles que não farão parte desse seleto grupo, ou seja, atletas de futebol profissional e que tenham na profissão um retorno e satisfação pessoal e profissional.




Para Augusto, clubes formadores sabem o que procuram, mas alguns meios usados para alcançar seus objetivos tornam o processo preocupante 

 

Universidade do Futebol – Além disso, será que os processos de formação estão bem organizados e estruturados, com conteúdos bem definidos para serem desenvolvidos, com as equipes tendo claros os objetivos finais do processo de formação?

Augusto Moura de Oliveira – É nítida a presença de mais cursos que debatem e abordam temas relacionados ao processo de formação de jovens jogadores no Brasil. Esses eventos ganharam força nos últimos anos.

O meio acadêmico tem alcançado cada vez mais destaque no âmbito da formação de jogadores, ao passo que instituições de ensino estão formatando parcerias com clubes formadores objetivando solidificar o processo.

Para tanto, percebe-se que os profissionais que trabalham nesses clubes formadores e que participam de congressos e simpósios tornam público os meios e métodos que se aplicam no cotidiano do clube.

Diante disso, fica mais acessível para os demais profissionais tomar conhecimento da estruturação e organização dos conteúdos multidisciplinares implantados nos clubes formadores.

Universidade do Futebol – Se tratada de forma correta, a especialização esportiva ajuda no desenvolvimento das crianças nos aspectos social (relações com outras pessoas e com o mundo), filosófico (compreensão e questionamento), biológico (conhecimento e utilização do corpo), e intelectual (desenvolvimento cognitivo)? O que pensa sobre esse tema, especificamente?

Augusto Moura de Oliveira – Esse período do treinamento desportivo deve estar pautado cientificamente para que não se queime etapas; logo, o domínio das técnicas e o conhecimento das fases sensíveis dos jovens facilitarão o alcance de metas.

É igualmente importante dizer que o processo de iniciação esportiva deve estar muito bem desenvolvido para que a especialização faça parte do macrociclo de treinamento.

A literatura nos mostra o quanto um desenvolvimento do processo de iniciação esportiva se apresenta como necessário para que se submeta os jovens à especialização esportiva.

Mais especificamente, as esferas biológicas, cognitivas, sociais e filosóficas são desenvolvidas a contento quando se aplicam de maneira correta os conteúdos, nas mais diversas faixas etárias.

Como dito anteriormente e defendido por muitos autores nacionais, os jovens que estão inseridos no processo de iniciação e especialização esportiva possuem altas chances de se tornarem adultos saudáveis com hábitos e estilo de vida ativo. Entretanto, apenas praticar esportes, ou seja, a prática pela prática, pode não ser tão eficaz quanto entender e saber o porquê se pratica determinada modalidade e quais suas nuances.

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quinta-feira, 10 de março de 2011

Fla apresenta times de futebol feminino, de areia e society

Projeto Futebol Alternativo é lançado no auditório Rogerio Steinberg, na sede da Gávea, nesta quinta-feira

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O Flamengo apresentou nesta quinta-feira os times de futebol de campo feminino, futebol de areia e society. As equipes das três modalidades estiveram no auditório Rogerio Steinberg, na sede do clube, na Gávea, zona Sul do Rio de Janeiro. Mas para serem oficializados, os times ainda precisam ter os contratos aprovados pelo Conselho Diretor.

“Estamos tomando todos os cuidados para não criar problemas e tem de voltar atrás. A ideia é que o projeto seja bom para ambos os lados. Estamos com toda a boa vontade porque entendemos que os projetos tem o tamanho do Flamengo”, explicou Henrique Brandão, vice de marketing e um dos condutores dos projetos.

Enquanto isso não acontece, o time feminino continuará se preparando no Guarujá, em São Paulo, com 20 jogadoras. Entre elas estão quatro integrantes da Seleção Brasileira: Taís, Taisinha, Joice e Zizi. O sonho é contratar Marta, caso a equipe se classifique para a Copa do Brasil.

Thaís Picarte – Goleira
Tem 28 anos, 70kg e 1,81m. Seu primeiro clube foi o São Paulo em 1997. Já defendeu clubes como Palmeiras, Corinthians, Juventus, Lazio (ITA) e Levante (ESP). É atual campeã Sul Americana com a seleção brasileira.

Ketlen Wiggers – Atacante
Tem 18 anos, 58 kg e 1,70m. Começou sua carreira no Santos conquistando vários títulos, dentre eles, o da I Edição da Libertadores Feminina.

Thaís Guedes – Meia Atacante
Tem 17 anos, 58 kg e 1,63m e teve no Juventus seu primeiro clube. De lá partiu para o Santos para se tornar campeã Paulista e da Libertadores da América.

Thorunn Helga - Volante
Tem 26 anos, 60 kg e 1,70m. Começou sua carreira na University of Rhodo Island. Conquistou o Campeonato Islandês de 2002 e 2003 e a Copa da Islândia em 2002, 2007 e 2008. Em 2008 chegou ao Brasil para integrar a equipe santista.

Joice Cristina Luz - Lateral tem 27 anos.

Fonte: Site do Flamengo / Futebol para meninas / O Globo

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quarta-feira, 9 de março de 2011

Cristiane: "Clubes precisam investir mais no Futebol Feminino"

Craque do Santos, Cristiane já brilhou também com a camisa do Brasil

O futebol feminino vem crescendo cada vez mais no país e isso se dá principalmente por conta das grandes campanhas realizadas pela Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos e Mundiais da modalidade.

Entre tantas jogadoras que se destacaram nessa evolução do esporte, uma que merece destaque é a atacante Cristiane. Aos 26 anos, a jogadora natural de Osasco, na grande São Paulo, coleciona títulos e passagens pelo futebol internacional.

Porém, nem sempre esse reconhecimento aconteceu. Cristiane conta que em seu início de carreira a velha máxima de que o futebol era um esporte de homem apareceu, mas o apoio da família foi fundamental para que ela não desistisse. “No começo foi difícil porque todo mundo falava que futebol era coisa de menino. Mas, graças a Deus, sempre tive o apoio da minha família. O preconceito sempre existiu, mas, atualmente, quase não vemos atitudes preconceituosas”, explicou.

No entanto, seu talento com a bola nos pés venceu qualquer tipo de preconceito que poderia existir e hoje Cristiane tem em sua galeria duas Copa Libertadores da América, uma Copa do Brasil e um Torneio Cidade de São Paulo pelo Santos, além de duas medalhas Olímpicas de prata, uma medalha Pan-Americana de ouro e um Campeonato Sul-Americano com a camisa do Brasil.

Atualmente, Cristiane vê o futebol feminino sendo tratado de uma forma diferente, quase sem o preconceito que antes assombrava a modalidade. “Muita coisa mudou. Hoje em dia muitas pessoas acompanham o futebol feminino, principalmente meninas que sonham um dia em ser uma de nós e jogar em uma equipe como o Santos. Quando você vai a um estádio ver um jogo de mulheres, você também encontra muitas famílias nas arquibancadas. Isso mostra que quase não existe mais preconceito para a nossa modalidade”, afirmou a atacante.

Apesar da crescente no Brasil, a jovem e talentosa jogadora receitou o que deve ser feito para que o futebol feminino cresça ainda mais no país. “A modalidade está crescendo muito no país. O Santos, que já tem um departamento de futebol feminino há mais de 10 anos, está mais estruturado e por isso oferece melhores condições para as atletas. Mas outras equipes estão sendo criadas e outros clubes estão começando a dar a devida atenção para a modalidade. Ainda precisamos que outros clubes, como o Santos, invistam para que os campeonatos se tornem cada vez mais competitivos e cada vez mais assistidos pelo torcedor”, afirmou.

Por fim, Cristiane falou de suas expectativas para o ano de 2011, quando competições importantes serão disputadas pela Seleção Brasileira. “O ano de 2011 será muito importante para o Futebol Feminino brasileiro. A Seleção Brasileira disputará a Copa do Mundo da Alemanha, de 26 de junho a 17 de julho, e o Pan-Americano de Guadalajara, que deve acontecer em outubro”, concluiu.

A lista de convocadas para um período de preparação visando a Copa do Mundo já foi divulgada, e Cristiane é uma das convocadas pelo treinador da Seleção Brasileira, Kleyton Lima.

Ficha:
Nome: Cristiane Rozeira
Nascimento: 15/05/1985
Natural de: Osasco, SP
Posição: Atacante
Clube atual: Santos FC
Títulos: Jogos Pan-Americanos 2007 (Seleção Brasileira); Copa do Brasil 2009 (Santos FC); Torneio Internacional Cidade de São Paulo 2009 (Seleção Brasileira); Copa Libertadores da América 2009 e 2010 (Santos FC); Campeonato Sul-Americano 2010 (Seleção Brasileira).

Texto: Vinícius Carrilho
Fonte: FPF

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Sete Sereias são convocadas para a fase de preparação da Seleção

Mantendo a tradição em ceder atletas para a Seleção Brasileira, o Santos FC terá sete representantes na fase de preparação para a Copa do Mundo de Futebol Feminino, no período de 16 a 31 de março. As convocadas pelo técnico Kleiton Lima nessa quinta-feira (03) são a goleira Andréia Suntaque, as zagueiras Aline Pellegrino e Erika, a lateral Fabiana, a volante Ester, a meia Gabriela e a atacante Cristiane.

As Sereias da Vila convocadas deverão se apresentar no dia 16 de março (quarta-feira), às 12 horas, nos aeroportos Tom Jobim ou Santos Dumont, no Rio de Janeiro (RJ). Os treinamentos acontecerão na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

A Copa do Mundo feminina acontece de 26 de junho a 17 de julho de 2011, na Alemanha. Mas, antes de embarcar, o selecionado nacional passará por mais dois períodos de preparação: de 18 de abril a 3 de maio e de 6 a 21 de junho.

Fotos: Pedro Ernesto Guerra Azevedo
Fontes: Santos F.C.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Categoria Aberta para o Feminino Livre e Sub-17

Escrito por Organização BFF2011

Seg, 21 de Fevereiro de 2011

O BFF2011 vai prestigiar o futebol feminino abrindo 02 categorias no 4º campeonato internacional de futebol infanto-juvenil, que será realizado em Jaú-SP, no período de 16 a 23 de julho de 2011. As equipes interessadas poderão se inscrever na categoria SUB-17 ou na categoria FEMININO LIVRE (acima de 17 anos). Os organizadores do evento já estão providenciando convites para observadores técnicos (olheiros) e divulgando o evento para equipes femininas estrangeiras. O representante Europeu do BFF, Aroldo Strack, acenou com a possibilidade de trazer equipes da Dinamarca, onde desenvolve um trabalho com as garotas da Escandinávia. (veja matéria no site)

Esta é uma excelente oportunidade para clubes que investem no Futebol Feminino. o 4º BFF terá cobertura da imprensa e olheiros nacionais e internacionais.

Foram reservadas apenas 08 vagas em cada categoria, equipes interessadas não devem perder tempo e precisam fazer sua inscrição imediatamente através do formulário eletrônico do site.

É o BFF prestigiando o Futebol Feminino Brasileiro.

CLIQUE AQUI PARA INSCREVER SUA EQUIPE! 

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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Profissionalização do futebol feminino na Austrália rende benefícios à seleção nacional

Liga criada em 2008 permitiu a formação de novas atletas, minimizando os efeitos negativos da transição de geração

Equipe Universidade do Futebol

O ano de 2007 foi especial para o futebol feminino da Austrália. A equipe principal alcançou, de maneira inédita, as quartas de final da Copa do Mundo da categoria. À ocasião, porém, o país sequer contava com uma liga profissional. Quatro anos depois, a realidade é bem distinta.

A maioria das jogadoras que se preparou com treinos nas suas respectivas cidades, quase sempre contra times de garotos de até 15 anos, apenas com alguns jogos intercalados pela própria seleção, encontraram um respaldo dos representantes oficiais locais. A W-League, principal competição de futebol entre mulheres australiana, chegou ao fim da terceira temporada, algo que rende frutos ao treinador da seleção, Tom Sermanni.

Ele aposta que a profissionalização se refletirá no Mundial Fifa 2011, com um desempenho regular, apesar das adversidades – a Austrália caiu no grupo do Brasil, da tradicionalíssima Noruega e da novidade africana Guiné Equatorial. 

“Dois anos atrás eu estava muito preocupado com a geração que estava aparecendo. A seleção estava passando por uma grande transição naquele momento, e nós precisávamos fazer mudanças significativas. Não havia um grupo de jogadoras prontas para a mudança, e estava difícil encontrar de onde tirar as alterações”, revelou Sermanni.

O comandante perdeu diversas jogadoras experientes nos quatro últimos anos, como Joanne Peters, Dianne Alagich, Alicia Ferguson e Cheryl Salisbury, grande estrela da companhia. Nesse período transitório, uma goleada de 5 a 1 sofrida diante da Itália, no início de 2009, expôs as fragilidades.

“A W-League foi benéfica de muitas maneiras. A competição abriu um caminho de formação para jogadoras que estavam às margens da seleção, muitas das quais eram totalmente desconhecidas para nós”, admitiu Sermanni, que treinou a Austrália tanto no Mundial de 2007, quanto no de 1995.

A liga é composta por sete equipes; seis delas, inclusive, são afiliadas a um time da liga masculina, o que dá maior credibilidade e visibilidade ao torneio.



 

No último fim de semana, Brisbane Roar e Sydney Football Club disputaram a decisão da temporada, com vitória do time de Brisbane após um gol de Lisa De Vanna, uma das principais jogadoras australianas da Copa do Mundo Feminina de 2007.

Ao todo, 16 das 20 jogadoras de linha presentes na decisão faziam parte da seleção nacional. Além disso, muitas atletas de outros países aproveitaram para disputar o torneio e passar o verão na Austrália, como Alexandra Nilsson (Suécia), Tine Cederkvist (Dinamarca) e Kendall Fletcher, Lydia Vandenbergh e Allison Lipsher (todas dos Estados Unidos).

“O nível de competição e seriedade cresceu, assim como o desempenho. As equipes melhoraram a preparação, o recrutamento, a organização. Tudo isso se combinou para uma grande elevação neste ano, com um salto significativo na última temporada”, sinalizou Sermanni, ainda em entrevista ao site oficial da Fifa.

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Responsabilidade social na formação de atletas para o futebol – a sustentabilidade

Atitudes voltadas para a sustentabilidade e promovidas por clubes podem tanto repercutir positivamente para a sociedade, quanto melhor a imagem corporativa da instituição esportiva

Geraldo Ricardo H. Campestrini*

A busca pela sustentabilidade em nosso planeta a partir de pequenas atitudes, decisões e condutas dentro do raio de ação das organizações ou mesmo particulares, faz parte de um princípio básico que visa à manutenção da espécie humana em harmonia com a Terra hoje, para a atual geração, e futuramente, para as gerações vindouras.

A definição mais cabível de sustentabilidade e aceita mundialmente é a proposta pela WCED (World Comission on Environment and Development), que diz: “atender as necessidades das gerações atuais sem comprometer a possibilidade de satisfação das necessidades das gerações futuras (WCED, 1987).

Naturalmente que boa parte desta responsabilidade sobre a sustentabilidade do planeta recai sobre o ambiente corporativo pela dimensão e impacto que suas decisões possuem no cotidiano das pessoas.

No contexto esportivo, Cunha (2007) reforça estas palavras iniciais afirmando que, a fim de garantir o desenvolvimento do desporto como um todo, tal e qual cita Castejón Paz (1973) na proposta dos “Fatores de Desenvolvimento do Desporto”, é imprescindível identificar as decisões que devem ser tomadas, com foco naquelas que são prioridade e as outras que são secundárias, quais as que têm maior influência na estrutura organizacional e as que possuem apenas relevância acessória para se ter a real noção das que provocam maiores alterações ou sustentabilidade no sistema e as que se constituem com um aspecto de indiferença maior.
Baseado nisso, propomos no terceiro item da Carta Internacional de Responsabilidade Social para a Formação de Praticantes no Futebol (CIRESP-FUTE 2009) a preocupação que as entidades ligadas ao futebol devem ter perante a sustentabilidade:

III. Sustentabilidade

(a) Econômica: exercer as suas atividades aplicando o princípio da sustentabilidade econômica de modo a evitar prejuízos para a comunidade;

(b) Social: contribuir, através de participação social voluntária, para o desenvolvimento social da comunidade;

(c) Partilhada: apoiar, pelo exercício de partilha de recursos próprios – humanos, materiais e financeiros – e, na medida das suas possibilidades, causas sociais comunitárias.

O item III-a aponta para a necessidade premente relacionada a eficiência econômica necessária para a existência de uma organização. Esta definição foi comentada outrora nos textos anteriores sobre a temática e, sob esta ótica, a empresa que não gera lucro é socialmente irresponsável.

Carroll (1991) comenta que, na componente econômica, a organização necessita, entre outras coisas, estar empenhada em ser tão rentável quanto possível e manter um elevado nível de eficiência operacional.

Nas organizações esportivas e, falando especificamente do futebol, se o clube opera suas atividades em prejuízo, gastando mais do que arrecada, estará incorrendo em irresponsabilidade pois gerará um ciclo vicioso de calote à sociedade, não tendo capacidade de pagamento adequado para fornecedores, atletas, funcionários e demais envolvidos e que, consequentemente, se converterá em uma sequência de prejuízos em pequenas escalas.

No campo da sustentabilidade social, proposto no item III-b, há a referência para a participação social voluntária na promoção e idealização de projetos sociais que favoreçam a sociedade como um todo.

Trata, portanto, da medida possível que um clube de futebol pode dar de contributo extra para a comunidade, dentro de sua capacidade de atendimento e recursos disponíveis para tal atividade.

Exemplo disto são os projetos realizados por Sport Club Internacional, Clube de Regatas Vasco da Gama, Clube Atlético Mineiro, Clube Atlético Paranaense e Fluminense Football Club, citado em Campestrini (2009), que divulgam em seus respectivos web-site oficiais os projetos de interesse para a sociedade e organizados pelo próprio clube: Fundação de Educação e Cultura do Sport Club Internacional (Internacional), Fábrica de cidadãos e Projeto apostando no futuro (Vasco da Gama), Educação se faz também pelo esporte (Atlético Mineiro), Projeto Escola de Futebol e Pulseiras (Atlético Paranaense), Programa Flu (Fluminense), fazem parte de um conjunto de ações que objetivam a contribuição para o desenvolvimento social das comunidades onde estes clubes estão inseridos.

Por fim, quando referencia-se à sustentabilidade partilhada no item III-c, propõe-se, além da construção de projetos próprios, o apoio a causas sociais de entidades governamentais ou não-governamentais que busquem a melhoria das condições de vida da comunidade.

Neste caso, a importância do futebol poderá passar pela cedência de um espaço por determinado período de tempo para a realização de uma atividade de lazer ou educacional, ou mesmo como apoio para a recepção de doações de qualquer natureza; o incentivo para que seus colaboradores internos exerçam atividades relacionadas com o bem-estar da comunidade de maneira voluntária ou mesmo, em certa medida e dependendo da estrutura do clube, a doação em espécie como forma de apoio para que outras entidades pratiquem suas atividades sociais.

O FC Barcelona é o exemplo mais clássico desta última proposição em razão de seu apoio a causas sociais do UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), abrindo mão da receita proveniente de uma grande marca patrocinadora e doando 1,5 milhão de euros por ano para a ajuda a programas humanitários da instituição.

As consequências positivas para o FC Barcelona sobre a sua imagem corporativa são enormes, e Dionísio (2007) aponta que estrategicamente o clube trabalha sua marca baseado em dois pilares fundamentais:

- a desportiva, com aposta na contratação de grandes jogadores, cuja mais-valia desportiva possa trazer receitas ao clube;
- a social, com a implementação de um vasto leque de ações sociais de apoio a grupos mais desfavorecidos, sobretudo ao nível internacional, e a afirmação dos valores culturais da região.

Outro modelo interessante e relacionado a sustentabilidade partilhada é a campanha “Sangue Corinthiano”, do Sport Club Corinthians Paulista, que promove, três vezes ao ano, o “Dia de Corinthiano Doar Sangue”, incentivando que seus fiéis torcedores se dirijam ao hemocentro de sua cidade e doem sangue. A campanha, além de contribuir para uma causa social, ajuda na fidelização e orgulho do torcedor, que passa a enxergar a força que possui dentro da sociedade. A campanha conta com site oficial, comunidade em sites de relacionamento, vídeos e apoio das duas maiores torcidas organizadas do clube.

Com isto posto, atitudes voltadas para a sustentabilidade e promovidas por clubes de futebol, se bem planejadas, são uma via de mão-dupla com repercussão positiva tanto para a sociedade e comunidades atentidas como para o clube, na aproximação a seus diversos stakeholders e melhoria de sua imagem corporativa.

Referências

CAMPESTRINI, Geraldo R. H. (2009). A responsabilidade social na formação de praticantes para o futebol: análise do processo de formação em clubes brasileiros. Dissertação de Mestrado em Gestão do Desporto da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, Portugal.

CARROLL, Archie B. (1991). The Pyramid of Corporate Social Responsibility: Toward the Moral Management of Organizational Stakeholders. Business Horizons, July-August.

CUNHA, Luís Miguel. (2007). Os espaços do desporto: uma gestão para o desenvolvimento humano.Coimbra: Edições Almedina.

DIONÍSIO, Pedro. (2007). O desenvolvimento das marcas, a responsabilidade social e os clubes desportivos. Jornal de Negócios, terça-feira, 12 de Junho de 2007, p. 35.

FÚTBOL Club Barcelona. Disponível em: http://www.fcbarcelona.com.  Acessado em: 28/Jan/2009.

SANGUE Corinthiano. Disponível em: http://www.sanguecorinthiano.com.br. Acessado em: 23/Jan/2010.

WCED. (1987). Our Common Future, Oxford University Press, Oxford/New York.


*Mestre em Gestão do Desporto pela Faculdade de Motricidade Humana; Bolsista FIFA (“Havelange Scholarship” – CIES/FIFA); professor da Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O futebol feminino precisa ser compreendido

Futebol Feminino: Investir no Esporte é Investir em Responsabilidade Social

Eduardo Pontes
 
 
O futebol feminino vem crescendo no país do futebol e sites especializados no assunto como o Futebol Feminino Profissional e o blog das atletas Laylla e Fabiane ( Uma vida com Futebol ) noticiam peneiras e campeonatos em todo Brasil, além de muitas outras notícias sobre o assunto.

O surpreendente é que, apesar deste visível crescimento, ainda existe muita dificuldade na aquisição de apoio e patrocínio.

O futebol feminino é uma grandiosa modalidade com cerca de 1.500.000 (um milhão e quinhentas mil) atletas praticantes. E onde estão as empresas de produtos para a mulher como cosméticos, higiene pessoal, saúde e bem estar que não enxergam o potencial deste 'mundo feminino da bola'?

Apoiar este esporte não é apenas investir em marketing e calcular o quanto de lucro será obtido. É estar investindo na socialização e inclusão de muitas meninas e mulheres que buscam um futuro melhor.

"INVESTIR NO ESPORTE é investir em RESPONSABILIDADE SOCIAL!"

Quem trabalha no ramo conhece a realidade de meninas sem uma estrutura familiar, sem estrutura financeira e que vêem no esporte a possibilidade de algo melhor, de sentir-se bem.

Meninas que não tem dinheiro para comprar uma chuteira, que passam meses a comer angu (massa espessa, geralmente de farinha mandioca ou de milho, frequente na cozinha brasileira) por não ter outra opção, e que precisam do esporte.

Até quando o país de Zico, Garrincha, Leônidas da Silva, Romário, Ronaldo, e muitos outros, vai deixar nossas 'Martas, Cristianes, Fernandas, Fabianes, Cristinas e Joanas' lutarem 'sozinhas'?

Por sorte existem pessoas que acreditam e se esforçam muito para tentar, mesmo com dificuldade, em levar o Futebol Feminino Brasileiro a novos rumos e patamares como Leonardo Allevato, Amadeu Vieira, Alexandre Amaral,Laylla e Fabiane, dentre outros (@Band_SP, @BombrilOficial).

Parabéns às atletas, treinadores, clubes e raras empresas que se empenham, investem e ajudam nessa busca por um futuro melhor do esporte e na vida de tantas meninas e mulheres brasileiras.

"Para muitos o esporte é muito mais do que um jogo, é a chance de recuperar a dignidade e confiança na busca por dias melhores!" - Eduardo Pontes

@Edu_pontes @leoallevato @layllamariana @Biane_1309 @FutFemininoPro@Band_SP, @BombrilOficial
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