domingo, 9 de setembro de 2012

Chagas Ferreira, coordenador do futebol feminino da Emlurb, ensina como se ‘faz’ campeãs

Cópia de EMLURB - Chagas

O Projeto Escola de Esportes da EMLURB, criado em 2003, passou a dar abrigo já em 2006 à escola de futebol para meninas. Desde então a EMLURB vem se consolidando como uma unidade de produção de jogadoras de futebol feminino.

Contando atualmente com 97 alunas/atletas na faixa etária de 8 a 30 anos de idade, o trabalho contempla as categorias sub-9, sub-11, sub-13, sub-15, sub-17 e adulto. As aulas para iniciantes são realizadas no CT EMLURB, localizado na rua Marechal Deodoro, 1501, no Benfica. Mais Informações serão obtidas através do telefone móvel (85) 8620-2575.

Os treinos das equipes de rendimento são realizados de segunda à sábado, com jogos nos fins de semana. A equipe técnica é composta pelo professor Chagas Ferreira (coordenador), José Maria Paiva (treinador), Paulo Cesar (treinador de goleiras), Renato (auxiliar) e Chico Fraga (colaborador).

O time campeão contou com as seguintes atletas: Beatriz, Bia, Graziele, Jéssica, Katrine, Raquel, Sandy, Liandra, Emelly, Flávia Mayanne, Vanusa, Rayane, Roberta, Samara, Camila, Ana Beatriz e Fernanda Bessa.

Vale destacar que o trabalho tem o apoio logístico da EMLURB (Empresa Municipal de Limpeza e Urbanização), e conta ainda com aos seguintes colaboradores: SINDIFORT, SINDILURB, TRANSÁGUA e COPSERV, que prestigiam a iniciativa desde o seu início, em 2003.

 

Release: Chagas Ferreira / Revisão: Benê Lima

.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A infraestrutura do futebol feminino no Brasil: mais um adversário a ser vencido

É preciso conhecer de fato a real situação para planejar uma estruturação da modalidade

Rita de Cássia Bove

Quando falamos sobre futebol feminino no Brasil, o que geralmente nos vem à cabeça é uma menor parcela referente à seleção nacional, e por vezes nos esquecemos, ou, o mais comum, desconhecemos equipes estatuais, clubes, campeonatos e tudo mais que envolva modalidade.

Desde muito tempo as mulheres protagonizam fatos dentro do futebol brasileiro, porém sofrem com um processo cultural até os dias atuais, estando ainda sob um papel de domínio e submissão masculina. A partir daí, podemos analisar e destacar as dificuldades encontradas pelas nossas mulheres (guerreiras), dentro desta luta constante que é o futebol feminino, sobrevivendo às “migalhas de uma mesa farta”, que é o futebol masculino.

Um bom exemplo que podemos citar em função disto é referente à infraestrutura fornecida por um clube de futebol feminino às suas atletas. O que todo mundo tem em mente é apenas um parâmetro do futebol masculino, com belos centros de treinamento, uma enorme gama de profissionais da saúde para melhores cuidados, alimentação adequada e balanceada, altos salários, equipes infanto-juvenis, enquanto normalmente o futebol feminino passa despercebido, sendo invisível aos olhos da grande maioria das pessoas.

Basicamente todos os clubes de futebol feminino trabalham de forma amadora ou semiprofissional, junto de parcerias com prefeituras, existindo apenas um “contrato de boca” entre as partes (investidores, clubes, atletas etc.). Alguns clubes ainda tentam buscar documentos formais para concretizar tais parcerias, mas são apenas simbólicos, e, são poucos. Foi pensando nisso que eu, atleta de futebol feminino, no término de minha graduação em Educação Física, junto de mais alguns colegas de curso, buscamos investigar e trazer de forma mais concreta como se encontra a infraestrutura dos clubes de futebol feminino no Brasil, mais especificamente no Estado de São Paulo, que é considerado o pólo mais forte da modalidade no país, uma vez que a vivência e enorme contato com este esporte nos faz ter uma visão diferente e detalhada, dentro de alguns pontos de vista comuns. 

Foram considerados para a pesquisa alguns itens que acreditamos ser bem relevantes para que se possa manter uma equipe de alto rendimento, sendo eles: moradia para as atletas; alimentação; materiais e condições para treinamento; despesas de viagens e transporte; equipes multidisciplinares de saúde; convênio médico e/ou hospitalar; salários e condições de estudo. 

Os resultados foram, de certa forma, satisfatórios, mas, no entanto, foi uma investigação “superficial”, pois conhecendo bem a real situação, sabemos que existem muitos problemas mascarados. E, antes de qualquer coisa, era preciso mostrar algo mais fácil de ser compreendido, para que posteriormente pudéssemos dar continuidade aos fatos.

Conforme pudemos constatar pelos questionários encaminhados às atletas dos clubes pesquisados, em sua maioria estas agremiações oferecem alojamento para moradia das atletas, porém, não se sabe exatamente qual a qualidade destes. Se o espaço para acomodar pessoas é suficiente, se as condições de higiene são adequadas, se é bem localizado, enfim, é muito mais do que só avaliar se há ou não. Quanto à alimentação, segue-se o mesmo protocolo da moradia: os clubes fornecem, mas quantas são as refeições diárias? Será que é específica para atletas? Nem sempre.

Os locais de treino por vezes são muito irregulares e a quantidade de materiais esportivos para se trabalhar são razoáveis e, em sua grande parte, improvisados, principalmente quando se trabalha a parte física (exemplo: tração elástica, feita com câmaras de pneus de bicicletas). Assim como o transporte para treinos e jogos, que muitas vezes é feito com pequenas vans ou micro-ônibus, que, cá entre nós, para um time de futebol não é muito adequado.

Uma equipe de alto nível precisa de minuciosos cuidados. E a realidade com o futebol feminino é bem cruel.

As despesas com viagens para jogos, por exemplo, devem ser as mínimas possíveis e, devido isso, a grande maioria das equipes acaba sendo obrigada a viajar no mesmo dia da partida. Fato este que pode interferir durante o jogo, pois envolve todo estresse mental e físico provocados pela viagem, dependendo da distância que se percorre.

A maior parte dos clubes também não possui nenhum tipo de convênio médico e/ou hospitalar, o que preocupa muito, uma vez que o atleta sempre está sujeito a lesões e cuidados com sua saúde. O que acontece muitas vezes, em casos extremos como cirurgias, a atleta é obrigada a esperar na fila do sistema único de saúde (SUS), até que se obtenha a vaga. Isso quando não é forçada a buscar auxílio por si só e tem que tirar recursos do próprio bolso para arcar com as despesas. Lamentável.

Outra coisa que preocupa bastante é a falta de profissionais multidisciplinares no clube. Faltam médico, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista... Somente o Educador Físico (muitas vezes representado pelo preparador físico e/ou técnico) se faz presente, talvez um dos únicos pontos positivos em relação à comissão técnica para a modalidade. Estes profissionais são de suma importância quando se busca o alto rendimento, afinal, são pequenos detalhes que diferenciam bons trabalhos e determinam melhores performances.

Mas um ponto crucial quando se trata de futebol feminino está em relação aos salários, que são chamados de “ajuda de custo”, já que em boa parte dos casos nem atingem o piso mínimo salarial de nosso país. Não há também um registro em carteira, uma vez que não se tem como contratar uma atleta, assim como no futebol masculino, pois o futebol feminino “não pode” ser considerado esporte profissional (isso porque somos o “País do Futebol”...). Em contrapartida, os clubes buscam alternativas como bolsa de estudos em universidades, para que assim as meninas continuem nutrindo o sonho de jogar futebol e, desta forma, garantir um futuro pós-esporte, o que não acaba sendo uma má ideia.

O interesse das meninas pelo esporte vem crescendo e já é possível ver essa crescente, mas falta investimento, principalmente nas categorias de base. Alguns dos clubes possuem “times de menores”, mas ainda é muito pouco, pois o que existe são equipes sub-18, outras categorias ainda estão em déficit.

Com isso, o menino, com 17 anos de idade, por exemplo, quando vai para uma equipe principal, já chega pronto, com os fundamentos básicos do futebol bem apurados, enquanto que a menina chega para começar a aprender.

O futebol feminino ainda possui muitas dificuldades e é preciso reformulação. Basta de “remendos”.

Mas como melhorar se não há informações e fatos concretos que comprovem amplamente tais situações? É por isso que a dificuldade em encontrar dados que mostrem estatisticamente como se apresenta a infraestrutura do futebol feminino no Brasil, se faz urgente.

Há pouquíssimos estudos. Não há, por exemplo, instrumentos, escalas ou um questionário básico como WHOQOL-100 (usado para avaliar a qualidade de vida das pessoas), que possa ser utilizado como fonte de pesquisas. Dessa forma, fica mais difícil mensurar com fidelidade em que nível encontram-se nossas equipes femininas e assim propor melhorias. É preciso improvisar muito, adaptar, buscar recursos, enfim, a grosso modo, temos que “nos virar e revirar”.

É bem verdade que o futebol feminino vem evoluindo nos últimos anos, e boa parte dos clubes já melhoram muito sua infraestrutura, se comparada com décadas anteriores. Entretanto, ainda encontram-se muito aquém do que se espera para equipes de alto rendimento (equipes profissionais), pois até mesmo as condições básicas para tal, quando analisadas a fundo, são precárias.

Mas são necessários dados mais fidedignos, com relatos mais expressos, das mais variadas partes que estão envolvidas neste esporte, como nós atletas, técnicos, dirigentes, familiares, entre outros, para que assim possamos saber a visão de cada um, de forma a subsidiar as análises em relação a quanto melhoramos, onde melhoramos e o que mais precisamos melhorar.

É preciso termos um melhor planejamento de estruturação da modalidade. Enfim, operacionalizar uma força de trabalho que alie experiência e estudos de pessoas sérias no sentido de tirar o futebol feminino da condição de “patinho feio” do cenário esportivo nacional.

Tags: administração, Futebol feminino, negócios, investimento, planejamento estratégico,marketing, interdisciplinaridade, sociabilização,

.

domingo, 5 de agosto de 2012

Falando de planejamento, pensamento coletivo e futuro

René Simões nasceu em 17 de dezembro de 1952 e vem de uma família pobre com 11 filhos. Sua paixão pelo futebol vem da infância, das peladas jogadas em Cavalcante, no Rio de Janeiro, tanto que chegou a jogar pelo São Cristóvão. Mas foi a carreira de técnico que realmente chamou a sua atenção e, assim, resolveu cursar educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Sua primeira equipe foi o Clube Ginástico do Rio de Janeiro, em 1973.

Desde então René não parou mais. Atuou como técnico em clubes e seleções nacionais, como Fluminense, Coritiba e Vitória, além dos internacionais como Al Arabi Sports, Al Ryan Sports, Trinidad & Tobago Football Federation e Al Khor Sports Club. Membro do painel de técnicos da FIFA desde 2000, treinou a Seleção Brasileira Feminina, da Jamaica e da Costa Rica. Atualmente é diretor técnico do São Paulo Futebol Clube.

 

“Antes termos uma crença considerada errada que não termos nenhuma crença. Antes um projeto pelo qual lutar e que balize nossa luta, que querermos sem saber como nem o que objetivar” – (Benê Lima)

 

chora e1344097576120 Falando de planejamento, pensamento coletivo e futuro

Foto: Reprodução/Rede Record

 

Ao ver o nosso futebol feminino ser eliminado dos Jogos Olímpicos, lembrei de uma passagem que tive em 1993, quando fui campeão nacional do Qatar com o Arabi Sports Club. Naquele ano, as eliminatórias para a Copa de 94 foram em Doha, capital do Qatar, e o jornal esportivo A Bola de Portugal me convidou para fazer a cobertura do jogo entre Japão e Iraque.

Para resumir, até o último minuto de jogo, o Japão ganhava e se classificava quando o Iraque empatou e acabou com as possibilidades japonesas. Na coletiva de imprensa quem falou foi o presidente da federação e não o treinador. E ao contrário de explicar a derrota, ele falou sobre o super projeto que tinham para os próximos quatro anos. Segundo ele, não interessava o jogo, não interessava que faltava um minuto e estavam classificados, e não importava quem eram os culpados. O passado servia de lição e aprendizado, e o que importava era o futuro. Conclusão, o Japão nunca mais ficou fora de uma Copa.

Hoje, me atrevo a ter a mesma atitude do presidente, não me interessa o jogo, o passado, os culpados. Me interesso pelo futuro. Em 2004 desenvolvi um projeto para o ciclo olímpico de 2008 e entreguei em mãos do presidente da CBF. Até hoje aguardo a reunião para discutí-lo. Há seis meses, o ministro dos esportes Aldo Rebelo reuniu alguns representantes do futebol, entre os quais fui incluído e solicitou um projeto eficiente para o futebol feminino. Fui nomeado relator e junto com a Michael Jackson, coordenadora de futebol, tivemos a respondsabilidade de juntar as ideias e finalizar o projeto.

Abaixo segue o texto de apresentação do projeto, e aos poucos irei  comentando-o com vocês.

Apresentação

Sempre discriminada e relegada a segundo plano, a mulher vem mantendo sua dignidade e perseverança ao longo do tempo. Rotulá-la como sexo frágil depois de tantas lutas, sofrimentos, derrotas temporárias e conquistas brilhantes em diversos setores e países, não faz sentido, como também, não existe maior maldade do que a perda de um talento por falta de oportunidade.

Já passou da hora de nosso país pensar mais do que seriamente na criação de fábricas de talentos em diferentes setores. Os países mais evoluídos criam essas oficinas nas escolas desde a Classe de Alfabetização até a universidade, socializando as oportunidades. Os meninos e meninas se descobrem e tem a chance de colocar suas aptidões e talentos em exposição, em feiras, desfiles, desafios, campeonatos, etc. Eles são estimulados e oportunizados a mostrarem no que são bons.

Temos que construir a mansão do futebol feminino de forma diferente da construção de qualquer casa, onde se começa pela fundação. Esta mansão terá que ser construída do telhado para a fundação, pois temos que observar o ciclo olímpico. É importante que descubramos e formemos já, uma seleção capaz de trazer as medalhas do Mundial 2015 e das Olimpíadas de 2016, e construamos ao mesmo tempo, bases duradouras na descoberta, formação e aperfeiçoamento de atletas e profissionais.

O Brasil, país dito livre de preconceitos de todos os tipos, vem demonstrando que a verdade em relação ao futebol feminino, passa bem longe de ser real nesse aspecto. Nada foi feito de forma a se tornar perpétuo, permitindo que novas gerações de futebolistas se beneficiem dessas iniciativas, quer públicas ou privadas.

Pela primeira vez uma presidente do Brasil demonstra interesse pela modalidade e pede ao seu ministro dos esportes, que é apaixonado pela modalidade, que coloque um sistema que possibilite os nossos canarinhos fêmeas, conquistar voos tão altos como os canarinhos  machos, penta campeões do mundo para que se mantenham no ar. Ou fazemos agora, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas em nosso solo ou perderemos o trem da oportunidade.

Objetivos específicos

1 - Definir as ações do Ministério dos Esportes em relação ao futebol feminino;

2 - Estimular à CBF na criação de parcerias com o Ministério dos Esportes e o COB;

3 - Estabelecer prática do futebol feminino nas aulas de Educação Física no Ensino Fundamental I, II e Médio (de acordo com o artigo 217 da Constituição Federal);

4 - Dobrar o número de praticantes brasileiras até 2015 (29 milhões de mulheres no mundo segundo dados da FIFA e 400 mil praticantes regulares de acordo com levantamento feito em 2006 pelo Atlas do Esporte);

5 - Aumentar o número de clubes que possuem futebol feminino em 50% até 2015;

6 - Inserir o futebol feminino nos JEBS e JUBS;

7 - Incluir o futebol feminino nos jogos escolares municipais em todo território nacional;

8 - Criar programas de capacitação de profissionais  para trabalhar com  o futebol feminino;

9 - Criar cinco (5) centros olímpicos regionais (Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste) de formação e capacitação de atletas e profissionais para o futebol feminino. (De acordo com o artigo 217 da Constituição Federal);

10 - Elaborar junto à CBF o novo calendário anual do futebol feminino, respeitando-se os anos de Olimpíadas e campeonatos mundiais;

11 - Subsidiar diretamente ou através de patrocínios privados e obrigar as Federações a realizarem os campeonatos  estaduais, dentro do calendário definido pela CBF;

12 - Criar o campeonato nacional (NFB, novo futebol feminino) de equipes, respeitando-se o calendário elaborado pela CBF;

13 - Incentivar a criação e adoção permanente (4 anos) da seleção brasileira principal de futebol feminino, atendendo ao ciclo olímpico para 2016;

14 - Criar condições para a realização de quatro torneios internacionais por ano, sendo dois no Brasil e dois no exterior;

15 - Exigir que os contratantes (clubes) registrem em carteira profissional de trabalho as contratadas (jogadoras) de acordo com o art. 29 da Lei 9.615/98 - Lei Pelé;

16 - Criar a Ouvidoria dentro da Coordenaria Geral do Futebol Feminino do Ministério dos Esportes;

17- Criar o piso salarial  nacional da atleta de futebol profissional.

.

sábado, 21 de julho de 2012

FCF e LCFF celebrarão convênio para desenvolvimento do futebol feminino

A Federação Cearense de Futebol e a Liga Cearense de Futebol Feminino firmarão convênio de cooperação para buscar desenvolver a modalidade no estado do Ceará

(Divulgação)

LCFF e FCFPosse do presidente da FCF, Mauro Carmélio / Divulgação

Em reunião acontecida na tarde desta sexta, 20, na sede da Federação Cearense de Futebol (FCF), estiveram reunidos presidente e vice-presidente da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), Benê Lima e Sérgio Ricardo, respectivamente, com o presidente da FCF, Mauro Carmélio, onde ficou acertado a celebração de um Convênio entre as duas entidades, com o objetivo do desenvolvimento do futebol feminino no Estado do Ceará.

O convênio prevê um regime de cooperação entre as partes, além do aporte do conhecimento técnico-científico sobre a modalidade futebol feminino que a LCFF detém, tanto no aspecto da administração das competições e conhecimento das iniciativas do setor, quanto na promoção de eventos a ele ligados.

A LCFF, com a chancela da FCF, fará o cadastramento dos principais núcleos que trabalham com o futebol feminino, deles coletando dados e a natureza (características e dificuldades) das atividades desenvolvidas. Tal iniciativa será empreendida inicialmente na Região Metropolitana de Fortaleza, para numa segunda fase estender-se às demais regiões do Estado do Ceará.

Outra novidade, é a pretensão da FCF em criar mais uma competição na modalidade futebol feminino, preferencialmente Sub-17, que estimule o trabalho de base e a tão necessária renovação.

Mais uma novidade no campo das iniciativas, é a possibilidade de abertura do Campeonato Cearense de Futebol Feminino 2013, para clubes (times) filiados e não filiados.

No campo político-institucional, é pretensão da FCF ter representação junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para exercer liderança nacional sobre o futebol feminino. Para isso, já pensa em moldar um projeto global para a modalidade.

(Benê Lima)

.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Dirigente defende investimento no futebol feminino

Mónica Jorge defende investimento no futebol feminino

Mónica Jorge, diretora federativa em Portugal

O desempenho da Seleção portuguesa no Europeu de sub-19 foi "o ponto de partida para o desenvolvimento do futebol feminino", defendeu hoje a diretora federativa e antiga Selecionadora, Mónica Jorge, à chegada da comitiva lusa a Lisboa.

 

A dirigente acredita que a participação histórica no campeonato realizado na Turquia, com a qualificação para as meias-finais, nas quais perdeu por 1-0 com a Espanha, vai contribuir decisivamente para o reforço do "investimento no futebol feminino". 

"Tem de haver investimento no futebol feminino e penso que a federação vai dar esse passo. Por isso é que digo que acho que foi o ponto de partida para o desenvolvimento do futebol feminino em Portugal", disse Mónica Jorge, à chegada ao aeroporto de Lisboa. 

A diretora federativa considera que o resultado obtido na Turquia constituirá "o pontapé de saída para o futebol feminino", assinalando que as outras três equipas presentes nas meias-finais têm mais de 10.000 praticantes na categoria de juniores, enquanto Portugal tem "no máximo 900 juniores".

O Selecionador, José Paisana, também recordou que "oitenta por cento da equipa vai-se manter-se" para a próxima época, pois apenas cinco jogadores sobem à categoria sénior, advertindo que "há outros talentos a despontar", razões pelas quais acredita ser possível "manter este nível". 

Para a "capitã" da equipa portuguesa, Rita Fontemanha, "foi uma grande porta que se abriu para o futebol feminino", manifestando-se "muito orgulhosa pelo que foi conseguido na Turquia, apesar de não ter sido possível chegar à final".

Fonte: ATP Notícias

.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Liga Nacional de Futebol Feminino: um passo importante rumo à profissionalização

Espelhar-se no futebol masculino pode constituir-se em uma faca de dois gumes para o futebol feminino: é preciso saber quando se aproximar e quando se afastar deste modelo

Osmar Moreira de Souza Júnior*

Na França a televisão  passará transmitir o campeonato feminino

Uma reivindicação recorrente de muitas(os) daquelas(es) que estão dentro ou no entorno do futebol feminino, diz respeito à necessidade de equiparação ou no mínimo aproximação em relação às condições e estrutura desfrutadas pelo futebol masculino. Embora concorde que não podemos perder de vista este olhar para avaliarmos uma série de aspectos – principalmente no que diz respeito à responsabilização da CBF – penso que não podemos construir os alicerces para uma estruturação da modalidade, pautando-nos na estrutura consolidada e extremamente espetacularizada da elite do futebol masculino no país.

Seria muita utopia imaginarmos que uma estrutura amadora de administração poderia ser profissionalizada de uma hora para outra. Contudo, talvez possamos encontrar um “caminho do meio” entre o profissionalismo e o amadorismo torpe que tem sido corrente no futebol feminino brasileiro, que possa representar avanços para a modalidade ao menos no momento atual, pavimentando o caminho rumo à profissionalização.

Este caminho do meio, poderia servir-se da água da fonte de outras modalidades esportivas que também não conseguiram atingir o patamar da profissionalização, mas conseguem sustentar um sistema de funcionamento que se para seus adeptos pode parecer distante do ideal, me parece que para o estágio atual do futebol feminino representaria um significativo avanço.

Refiro-me aos esportes coletivos de quadra, mais especificamente ao basquete, handebol, futsal e vôlei. Todas estas modalidades possuem um calendário anual que comporta – ao menos de maneira razoável – as competições internacionais para suas seleções, em compasso com os eventos estaduais e ao menos uma competição nacional de maior expressão, chamadas de Ligas Nacionais e até de Superligas no caso do voleibol, que certamente está vários passos à frente das demais modalidades.

As Ligas caracterizam-se por competições com poucas equipes de alto nível na modalidade, muitas vezes concentrando-se em centros nos quais estas modalidades possuem um desenvolvimento maior. Nestas poucas equipes concentram-se as maiores estrelas das respectivas modalidades – salvo os casos em que a modalidade perde estas estrelas para o “mercado internacional”, como no caso de jogadoras do handebol que atuam na Europa – que conferem o brilho à competição que ajuda a fechar a conta entre espectadores, mídia e patrocinadores, não necessariamente nesta ordem.

Como já adiantei, o voleibol estaria em outro patamar em relação às demais modalidades, pois consegue com uma estrutura muito mais profissionalizada e espetacularizada atrair os grandes ídolos nacionais e até internacionais, fato que não se repete no handebol e no basquetebol, por exemplo. Apresento a seguir alguns dados sobre as Ligas das referidas modalidades para que possamos continuar com as reflexões até aqui explanadas.

A Liga Nacional de Basquete Feminino (LBF) 2010/2011, organizada pela Confederação Brasileira de Basketball (CBB) contou com nove equipes, sendo sete do Estado de São Paulo (Americana, Araçatuba, Catanduva, Ourinhos, Santo André, São Caetano do Sul, São José dos Campos), uma de Santa Catarina e uma do Maranhão. A competição foi realizada entre 13/11 e 27/02/2011.

A Liga Nacional Feminina de Handebol 2011 foi organizada pela CBHb e contou com a participação de sete equipes, sendo três de Santa Catarina, duas de São Paulo e duas do Rio Grande do Sul. O torneio foi realizado entre 12/05 e 10/10/2011.

A Liga Futsal Feminina 2011, organizada pela Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS) contou com 12 equipes, sendo cinco do Estado de São Paulo, cinco de Santa Catarina, uma do Rio Grande do Sul e uma do Ceará; a primeira fase foi toda realizada em duas sedes em Santa Catarina (cinco rodadas com jogos todos os dias seguidos) e a partir das oitavas de final os jogos foram realizados nas cidades sedes das equipes classificadas. O torneio estendeu-se de 19/04 a 30/06/2011.

A Superliga de Vôlei Feminino 2011/2012 é organizada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), contando com a participação de 12 equipes, sendo seis de São Paulo, três de Minas Gerais, duas do Rio de Janeiro e uma de Santa Catarina. A Liga teve início em 09/12/2011 e deve durar quase quatro meses. Jogos a cada três dias, com cobertura do SporTV de um a dois jogos por rodada, além de eventualmente ter a cobertura do canal Esporte Interativo e da Rede Globo e final em jogo único transmitida pela Rede Globo. As equipes participantes contam com patrocinadores, como: Banco BMG; Reunidas/Alameda; Sollys/Nestlé; Unilever; Sky; Banana Boat; Cia. do Terno; Sesi. Clubes como o Minas Tênis e o Esporte Clube Pinheiros também apoiam o voleibol, mantendo suas equipes na Superliga.

Como é possível observar, todas as Ligas analisadas são organizadas por suas respectivas confederações. É neste sentido que caberia responsabilizar a CBF, que atualmente limita-se a coordenar a seleção brasileira de futebol feminino e a organizar a Copa do Brasil, torneio no sistema de eliminatória simples, que pouco acrescenta ao calendário futebolístico feminino, além de vagas na Copa Libertadores da América, torneio que ainda não decolou da maneira como se esperava.

Aliás, um calendário para o futebol feminino nacional seria um bom começo. Estabelecer um período para os estaduais, compromissos regulares para a seleção – mesmo em anos em que não haja Mundial, Jogos Olímpicos e Jogos Pan Americanos –, Copa do Brasil e um “Brasileirão”, que poderia sim seguir algumas das ideias colocadas em prática pelas demais confederações, buscando uma fórmula que fosse mais atrativa para clubes, atletas, torcedores, patrocinadores e meios de comunicação.

Penso que a transição entre o final de um ano e início do outro poderia ser propício para este evento. Este é um período em que o torcedor fica ávido por jogos de futebol, bem como os meios de comunicação ficam à caça de assunto, apelando para a cobertura de qualquer “pelada beneficente” entre craques em férias e ídolos do passado, além da incansável falação em torno das especulações do mercado da bola.

Estaria aí uma interessante janela para que uma boa campanha de marketing ajudasse a alçar o futebol feminino como um “produto” interessante para o mercado da bola e alavancar as bases para um projeto de profissionalização da modalidade.

Na transição entre as temporadas 2011 e 2012, por exemplo, o Brasileirão encerrou-se em 04/12/2011 e os principais estaduais iniciaram-se em 21/01/2012. Acredito que uma Liga Nacional de Futebol Feminino iniciando-se em novembro, alavancada com alguns jogos preliminares do Brasileirão (estratégia polêmica que mereceria maiores discussões e amadurecimento) e encerrando-se em fevereiro ou março, quando os estaduais e a Copa Libertadores ainda estão esquentando, poderia trazer muitos benefícios para o futebol feminino brasileiro.

Ainda mais se esta Liga conseguisse atrair atletas como Marta, Érika, Cristiane, Andréia Suntaque, Aline Pellegrino, Formiga, Ester, Maurine, Tânia Maranhão, Bagé, Fabi e outras, mas enfrentando-se em equipes diferentes, o que iria conferir uma alta competitividade e nível técnico ao evento.

*Osmar Moreira de Souza Júnior é docente do DEFMH-UFSCar, doutorando da FEF-Unicamp e vice-líder do GEF-Unicamp

Tags: Futebol feminino, planejamento estratégico, indústria do futebol, negócios,infraestrutura, cbf, marketing, administração

.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Futebol feminino está abandonado de novo

ALEX SABINO 
alex.sabino@diariosp.com.br

Clube encerrando atividade, técnico da seleção migrando para o masculino... Tudo volta a ser como antes

Marta é o símbolo da modalidade no país. Não deveria. Ela é exceção

Dizer que o futebol feminino no Brasil sofre com abandono é quase lugar-comum. Mas as coisas pareciam mudar. Um grande clube do país, o Santos, montou um time forte, repatriou Marta e conquistou títulos. A final dos Jogos Pan-Americanos no Rio, em 2007, levou 70 mil pessoas ao Maracanã. Se não foram remuneradas no mesmo patamar dos homens, algumas jogadoras começaram a receber salários suficientes para uma vida digna.

Tudo ilusão.

“A impressão que nós temos é que este esporte está acabando mesmo no país”, constata Marcelo Frigerio, que dirigiu a seleção da Guiné Equatorial na última Copa do Mundo e começa um projeto da modalidade no XV de Piracicaba.

São poucas as equipes que apostam na categoria. A maioria esmagadora que sobrevive é bancada por prefeituras ou projetos sociais. Os pagamentos às atletas não ultrapassam R$ 1 mil ou são bolsas de estudos em faculdades. O anúncio de que o Santos encerraria as atividades causou comoção. “Há problema de visibilidade. As empresas enxergam isso como prioridade. Se não aparece a TV, fica difícil. Se você olhar para o histórico do Santos, quando tivemos jogos transmitidos, conseguimos patrocinadores pontuais. Quando olha para o calendário, não tem garantia de nada”, diz o gerente de  marketing do Peixe, Armênio Neto.

As lágrimas da atacante Érika, titular das Sereias da Vila (como era chamada a equipe), foram mostradas em rede nacional. “Tenho proposta para jogar na Coreia. E as outras meninas?”, questionou, despertando a solidariedade superficial de sempre.

Especialistas ouvidos pelo DIÁRIO apontam vários problemas para o esporte crescer. O principal é a necessidade de os jogos serem transmitidos. Se isso não acontecer, ninguém vai querer patrocinar. Os públicos são pequenos, muitas vezes com menos de 200 pessoas nos estádios. A final do Paulistão de 2011, entre Santos e Botucatu, teve duas mil testemunhas.

Desistiu/ Kleiton Lima, técnico da seleção brasileira no último Mundial e há 15 anos trabalhando na modalidade, jogou a toalha. Lançou-se em carreira no masculino e é assistente no Red Bull Brasil, que vai disputar a Série A-2 do estadual. “É preciso um processo mais complicado do que simplesmente estar na televisão. Todo mundo cobra os clubes, que jogam para a federação.  A TV só aparece nos momentos em que cabe a ela aparecer. Se todos ajudassem, sem fazer loucura, o futebol poderia sobreviver num processo parecido com o do vôlei feminino. Pode não estar no mesmo patamar do masculino, mas tem calendário, times e  ganha títulos”, analisa.

No ano passado, em audiência no Palácio do Planalto, o então ministro dos Esportes, Orlando Silva, fez promessa a dirigentes. Garantiu convencer estatais a anunciarem nos intervalos das emissoras que levassem ao ar  jogos. O Bandsports, vendido na última semana para a Fox Sports, se interessou. Ficou na conversa.

São muitas histórias de tentativas, esperança e decepções. Em 2010, o Palmeiras tinha negociação de patrocínio. Divulgou peneiras e selecionou garotas. Na última hora, a empresa que bancaria o projeto voltou atrás. O Santos conseguiu acordo com a Copagaz, que pagou R$ 1,2 milhão para patrocinar a camisa. No final da temporada, decidiu não renovar. Argumentou que a visibilidade era pequena. “É impossível trabalhar assim”, reclama Frigerio.

E assim o futebol feminino voltou ao estado de antes. De puro abandono.

Entrevista 
Kleiton Lima_ Assistente técnico do Red Bull
‘Só se lembram do futebol feminino perto da Olimpíada’

DIÁRIO_  Algum fator foi determinante para você quando tomou a decisão de abandonar de vez o futebol feminino?
KLEITON LIMA_ Todo mundo se lembra do futebol feminino perto de Olimpíada e Mundial. Depois, se esquece por quatro anos. Isso cansa, né? Temos de trabalhar muito por muito tempo para aparecer por um período curto demais, que não dura nem um mês. Tem sempre de partir do zero de novo, sempre.  Estão falando agora por causa dos Jogos de Londres. Depois, se esquecem de novo.

A transição do feminino para o masculino é fácil? 
É mais fácil do que se fosse o caminho inverso. Você recebe a menina e tem de ensinar tudo, porque ela não teve educação futebolística. A maior diferença de tudo é a parte emocional. No feminino, você tem de fazer o papel de pai, amigo e conselheiro, muitas vezes. A mulher leva para dentro de campo os problemas que tem fora. O homem vê como trabalho, mesmo. Sair do feminino para ir ao masculino é mais fácil do que seria fazer o caminho inverso.

Mas o que se observa é que estava acontecendo uma evolução, apesar de tudo.

Estava. Houve massificação, o número de atletas cresceu, competições apareceram. Mas ainda está muito distante. Muito aquém do que é o feminino na Ásia, na Europa, na América do Norte. Estão sempre na frente. E, para completar, sempre aparecem problemas que nos fazem regredir. É incrível. 
 
No masculino é mais fácil? 
Bem mais.  Você tem estrutura bem melhor. Quando comecei no feminino, tinha de fazer todas as funções da comissão técnica. Era preciso adequar o treinamento com criatividade.

Nordeste aposta na modalidade, apesar de tudo

O Nordeste pode virar opção. O América-RN aposta na categoria e contratou a atacante Formiga. O Vitória de Santo Antão (PE) faz trabalho de base para revelar atletas e quer levar a Libertadores deste ano para Pernambuco.

“Dizem que o feminino não dá retorno nem dinheiro. Mas quantos times no masculino têm? As pessoas no futebol precisam enxergar os dois lados da moeda. Há retorno na mídia, sim. Isso é dinheiro”, afirma Paulo Maeda, coordenador do clube.

Ele tem longa lista de serviços prestados ao futebol. Seu trabalho no departamento amador do Santos culminou na revelação de Diego, Robinho e na formação do time campeão brasileiro de 2002. Nas vendas das revelações, o clube faturou R$ 150 milhões.

Há quem defenda faltar a conquista de um título de expressão por parte da seleção. A medalha de ouro olímpica e o título mundial poderiam dar um gás mais duradouro para a modalidade. As derrotas em jogos decisivos apenas despertam piedade e apoios efêmeros.  “Conheço o futebol por dentro e digo que há várias equipes em que o custo é zero. O time não paga nada para as meninas. Essa jogadora, quando chega aos 18, 20 anos, vai fazer outra coisa porque precisa ajudar a sustentar a família”, diz Frigerio.

.