FUTEBOL FEMININO – A VEZ DO ESTADO DO CEARÁ
Paulo Medeiros*
Recentemente tive a oportunidade de manter algumas reuniões com os dirigentes da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), interessados na implantação de um oportuno e auspicioso projeto social e esportivo denominado “Meninas da Bola”.
Confesso minha surpresa (agradável) ao tomar conhecimento das idéias e propósitos apresentados por estes diretores da LCFF, cujo objetivo principal está focado no aspecto social, diferentemente das práticas usuais da maioria dos dirigentes esportivos (de todas as modalidades) que infestam o Estado do Ceará, que, com raríssimas exceções, estão mais interessados em auferir, em benefício próprio, vantagens financeiras ou políticas do que realizar gestões em suas respectivas entidades.
O oportunismo deste projeto ressalta aos olhos quando tomamos conhecimento das ações que estão sendo desenvolvidas pela CBF para o Futebol Feminino no Brasil nos próximos anos. Grandes clubes (Santos, São Paulo, Vasco, Flamengo, etc) estão formando suas equipes com o apoio de importantes empresas patrocinadoras, cujas diretorias de marketing enxergam o que muitos teimam em não querem ver e aceitar: o futebol feminino tem tudo para se consolidar como uma prática esportiva de massa.
Foi-se a época do preconceito de que esta prática esportiva descaracteriza a feminilidade da mulher, como demonstram belas jogadoras como Laisa (atacante do Internacional-RS), Eva Roob (ex-jogadora da Alemanha), Heather Mitts (Americana), Milene (ex-Ronaldinho), e outras tantas. A QUESTÃO AGORA É DE RESPONSABILIDADE INSTITUCIONAL, e neste ponto algumas observações básicas demonstram a situação deste esporte no Estado do Ceará:
Pergunta 1: qual é a instituição que teoricamente deveria gerir o futebol feminino no Ceará?
Resposta: FCF - Federação Cearense de Futebol.
Pergunta 2: qual é a instituição que na prática tenta difundir o futebol feminino do Ceará?
Resposta: LCFF - Liga Cearense de Futebol Feminino.
Pergunta 3: FCF e LCFF são efetivamente parceiras no futebol feminino no Ceará?
Resposta: Não
Se o leitor amigo me permite o termo popular, quando “a coisa” não funciona nem entre as instituições gestoras, como esperar a contribuição de parceiros e patrocinadores? É preciso que a FCF, através de seus diretores, pessoas lúcidas e inteligentes, aceitem o fato de que a LCFF possui um projeto consistente para o futebol feminino no Estado, e busque formalizar uma parceria efetiva através de apoio e ações práticas, dentro da sua competência como órgão máximo do futebol no Ceará, para difundir e consolidar esta modalidade.
Não estamos contemplando aqui ações “complicadas” ou que “exigem pessoal técnico qualificado”, mas atitudes simples, entre as quais podemos citar:
1. Incentivar os clubes federados a formar suas equipes de futebol feminino;
2. Permitir a realização de partidas de futebol feminino nas preliminares dos jogos oficiais;
3. Destinar uma pequena parcela do orçamento para realização de palestras e publicidade como forma de incentivar a prática entre crianças e adolescentes do sexo feminino;
4. Negociar com a CBF a realização de jogos da seleção brasileira de futebol feminino no Estado.
O nível técnico do último campeonato cearense de futebol feminino demonstrou claramente que temos potencial para despontar no cenário nacional. Basta organização e comprometimento por parte da FCF.
*Apaixonado por Esporte, e PhD em Economia
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