quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FUTEBOL FEMININO NO CEARÁ:


A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR

Paulo Medeiros*

1. Na última quinta-feira (24/09/2009), pela Copa do Brasil de Futebol Feminino, a equipe do CAUCAIA, campeã cearense, aplicou uma espetacular e incontestável goleada de 4 x 0 na equipe do São José, campeã do Estado de Tocantins. Mas não foi uma goleada qualquer, foi na casa das adversárias, e por este motivo a equipe cearense qualificou-se diretamente para a segunda fase da competição promovida pela CBF, sem a necessidade da “partida de volta”. Agora o CAUCAIA prepara-se para enfrentar as meninas do Sport Recife, campeã Pernambucana.

2. No último dia 18/09/2009 a jogadora Ana Lúcia Nascimento dos Santos, a Dida, goleira do CAUCAIA, foi convocada pela CBF para integrar a seleção brasileira feminina sub-19 que irá disputar a Copa Sul Americana de Futebol Feminino em janeiro/2010 na Colômbia.

3. A árbitra cearense Eveliny Almeida, que também pertence aos quadros da FIFA, foi convocada pela Confederação Sul Americana de Futebol – CONMEBOL para atuar nos jogos do I Copa Libertadores Feminino 2009 (e não I Campeonato Sul Americano de Futebol Feminino como divulga erroneamente o site da Federação Cearense de Futebol), e que contará com equipes de diversos países sul-americanos (e não “seleções” como divulga erroneamente o site da FCF).

Como o estimado leitor deve perceber, trata-se de três notícias maravilhosas, e que demonstram claramente o potencial que o Futebol Feminino do Ceará poderia desenvolver, inclusive em termos de projeção e resultados nacionais.

Quando eu escrevo “poderia” é porque todos estes fatos relatados ocorreram sem qualquer incentivo ou participação direta da Federação Cearense de Futebol, que teoricamente deveria ser a instituição a zelar pelos interesses do Futebol Feminino no Estado. Mas o que tem ocorrido é descaso e desinteresse. Por exemplo: o “apoio” da FCF ao feito da equipe de futebol feminino do CAUCAIA, por exemplo, se restringiu a uma mensagem protocolar de congratulações publicada em sua pagina web, que a rigor não passou de meras seis linhas.

E aí vem a perguntar que não quer calar: A Federação Cearense de Futebol é “de Futebol” ou “de Futebol Masculino”?

Comprovo a pertinência desta questão com a falta de iniciativa da FCF em “abraçar” a causa do futebol feminino no Estado do Ceará, mesmo que em parceria VERDADEIRA e ATIVA com a Liga Cearense de Futebol Feminino - LCFF, que a rigor é a entidade que tem desprendido esforços na divulgação, organização e viabilização desta modalidade por estas paisagens.

É uma constatação óbvia de que a LCFF tem melhor know how, comprometimento e interatividade com o futebol feminino no Ceará. Acredito que neste contexto compete à FCF agregar esta entidade em suas atividades institucionais, porém dando-lhe autonomia para exercitar esta expertise.

*apaixonado por esporte e PhD em Economia


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Reconhecimento oportuno

FUTEBOL FEMININO – A VEZ DO ESTADO DO CEARÁ

Paulo Medeiros*

Recentemente tive a oportunidade de manter algumas reuniões com os dirigentes da Liga Cearense de Futebol Feminino (LCFF), interessados na implantação de um oportuno e auspicioso projeto social e esportivo denominado “Meninas da Bola”.


Confesso minha surpresa (agradável) ao tomar conhecimento das idéias e propósitos apresentados por estes diretores da LCFF, cujo objetivo principal está focado no aspecto social, diferentemente das práticas usuais da maioria dos dirigentes esportivos (de todas as modalidades) que infestam o Estado do Ceará, que, com raríssimas exceções, estão mais interessados em auferir, em benefício próprio, vantagens financeiras ou políticas do que realizar gestões em suas respectivas entidades.


O oportunismo deste projeto ressalta aos olhos quando tomamos conhecimento das ações que estão sendo desenvolvidas pela CBF para o Futebol Feminino no Brasil nos próximos anos. Grandes clubes (Santos, São Paulo, Vasco, Flamengo, etc) estão formando suas equipes com o apoio de importantes empresas patrocinadoras, cujas diretorias de marketing enxergam o que muitos teimam em não querem ver e aceitar: o futebol feminino tem tudo para se consolidar como uma prática esportiva de massa.


Foi-se a época do preconceito de que esta prática esportiva descaracteriza a feminilidade da mulher, como demonstram belas jogadoras como Laisa (atacante do Internacional-RS), Eva Roob (ex-jogadora da Alemanha), Heather Mitts (Americana), Milene (ex-Ronaldinho), e outras tantas. A QUESTÃO AGORA É DE RESPONSABILIDADE INSTITUCIONAL, e neste ponto algumas observações básicas demonstram a situação deste esporte no Estado do Ceará:


Pergunta 1: qual é a instituição que teoricamente deveria gerir o futebol feminino no Ceará?

Resposta: FCF - Federação Cearense de Futebol.


Pergunta 2: qual é a instituição que na prática tenta difundir o futebol feminino do Ceará?

Resposta: LCFF - Liga Cearense de Futebol Feminino.


Pergunta 3: FCF e LCFF são efetivamente parceiras no futebol feminino no Ceará?

Resposta: Não


Se o leitor amigo me permite o termo popular, quando “a coisa” não funciona nem entre as instituições gestoras, como esperar a contribuição de parceiros e patrocinadores? É preciso que a FCF, através de seus diretores, pessoas lúcidas e inteligentes, aceitem o fato de que a LCFF possui um projeto consistente para o futebol feminino no Estado, e busque formalizar uma parceria efetiva através de apoio e ações práticas, dentro da sua competência como órgão máximo do futebol no Ceará, para difundir e consolidar esta modalidade.


Não estamos contemplando aqui ações “complicadas” ou que “exigem pessoal técnico qualificado”, mas atitudes simples, entre as quais podemos citar:


1. Incentivar os clubes federados a formar suas equipes de futebol feminino;


2. Permitir a realização de partidas de futebol feminino nas preliminares dos jogos oficiais;


3. Destinar uma pequena parcela do orçamento para realização de palestras e publicidade como forma de incentivar a prática entre crianças e adolescentes do sexo feminino;


4. Negociar com a CBF a realização de jogos da seleção brasileira de futebol feminino no Estado.


O nível técnico do último campeonato cearense de futebol feminino demonstrou claramente que temos potencial para despontar no cenário nacional. Basta organização e comprometimento por parte da FCF.

*Apaixonado por Esporte, e PhD em Economia


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Programa Inspiração Internacional discute em Fortaleza programa esportivo voltado às Olimpíadas de Londres

A Secretaria do Esporte do Estado (Sesporte) realiza, em parceria com
a UK Sport Londres - Ministério dos Esportes Britânico, o “Seminário
Internacional sobre Programas de Identificação de Talentos e
Modernização do Sistema Esportivo” durante os dias 24 e 25 de
setembro, reunindo em Fortaleza especialistas britânicos ao lado de
professores universitários de Educação Física e representantes de
federações esportivas em geral.

Hoje, a UK Sport atua no Estado através das modalidades do triathlon e
atletismo cearense, dentro de ações que têm participado do programa
Inspiração Internacional. No Brasil, outras experiências ocorrem desde
2007 nos estados de Alagoas e Pernambuco. Entre as modalidades
envolvidas estão também basquete em cadeira de rodas e a vela. A ação
promovida pelo governo britânico tem inspiração nas Olimpíadas de
2012, que pretende utilizar a força do esporte para melhorar a
qualidade de vida de crianças e jovens em países em desenvolvimento.

No evento, serão apresentadas experiências de como as instituições vêm
utilizando a educação física e o esporte para engajar, motivar e
fortalecer jovens líderes. Na quinta-feira, dia 24, a programação será
realizada no Auditório Blanchard Girão, localizado na Sesporte, com
abertura oficial do evento e as palestras contidas na programação. Já
na sexta-feira, dia 25, o encontro reunirá integrantes da comissão
técnica no Hotel Holliday In, localizado na Praia de Iracema.

Os compromissos firmados visam uma integração entre o Reino Unido e o
Brasil em uma união de esforços para apresentar o esporte como um
facilitador no processo ao abranger toda a base e envolver crianças e
adolescentes em todos os lugares. O Seminário também contribui com
subsídios técnicos para o desenvolvimento de programas que atendam
tanto ao incentivo da participação de crianças e adolescentes no
esporte ao longo de toda a vida quanto à revelação de futuros atletas.

As práticas analisadas nas apresentações, palestras e painéis vão
desde os mecanismos de identificação e formação de atletas de ponta
(alto rendimento), que funcionam como estímulo para outros, até
programas de tutoria, que aumentam a integração dos alunos com a
escola e entre si.

O Programa

O Inspiração Internacional é o resultado da união entre as
organizações especializadas em esporte, desenvolvimento e educação -
British Council, Unicef e UK Sports. A iniciativa tem como principal
objetivo apresentar a última palavra em programas de identificação e
desenvolvimento de talentos e suas articulações com o sistema
esportivo e educacional.

Para concretizar os objetivos de inclusão social através do esporte, o
Inspiração Internacional atua por meio de grupos de trabalho. Eles
devem concentrar representantes de diferentes segmentos – organizações
não-governamentais, escolas, confederações e federações esportivas e
órgãos do governo. Os grupos organizam eventos, difundem os conceitos
de esporte e cidadania, realizam reuniões com conselhos municipais
para que se discutam políticas públicas de esporte e desenvolvem as
atividades para todo o município.

Cada país-piloto é beneficiado por um conjunto de programas
estabelecidos em comum acordo, nas seguintes três áreas - Educação
física nas escolas e escolas parceiras (Conselho Britânico);
desenvolvimento do esporte e excelência esportiva (UK Sport); e
desenvolvimento social e humano através dos esportes (Unicef).

O Programa é apoiado pela Embaixada do Reino Unido (FCO), o
Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido
(DFID), a Fundação Olímpica Britânica (BOF) e o Comitê Organizador dos
Jogos Olímpicos (LOCOG).


PROGRAMAÇÃO

Dia 24/09/2009 - Quinta-feira
8h30 - Abertura oficial
9h45 às 10h20 - Palestra "Boas Práticas para o Desenvolvimento dos
Sistemas Esportivos: A contribuição do Inspiração Internacional no
Brasil"
10h20 às 10h45 - Apresentação de vídeo com os estudos de casos sobre a
ação "Desenvolvimento do Esporte": Principais conclusões e
recomendações dos Órgãos Gestores do Esporte, parceiros do Programa
Inspiração Internacional
11h às 11h45 - Palestra "Boas Práticas de Identificação e
Desenvolvimento de talentos e incentivo à prática do esporte ao longo
da vida"
11h45 às 12h30 - Palestra Boas Práticas para Formação de Treinadores e
técnicos em Programas Esportivos.
13h às 14h30 - Almoço
14h30 às 15h30 - Apresentação sobre os Programas de Identificação de
Talentos do Ministério dos Esportes / Rede Cenesp
15h30 às 16h30 - Painel de peritos sobre Programas de Identificação de
Talentos e Formação de Treinadores Esportivos e Treinador da Educação.
16h40 às 17h - Leitura da Carta de Fortaleza para Desenvolvimento do
Esporte com as principais recomendações e conclusões do dia.

Dia 25/09 - Sexta
9h30 às 12h30 - Reunião Sistematizada da Comissão Técnica designada
para este evento.


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Aline Pellegrino e seu pai emocionam presidente Ricardo Teixeira

Jogadora envia carta de agradecimento ao dirigente pelo apoio dado ao futebol feminino

CBF

A capitã da Seleção Brasileira Feminina, Aline Pellegrino, participou, no dia 12 de setembro, do lançamento da logomarca oficial da Copa do Mundo de Futebol Feminino da FIFA Trinidad e Tobago 2010 representando o Brasil ao lado do presidente da CBF, Ricardo Teixeira.

Após o evento, Aline e seu pai, Francisco Antônio Pellegrino, fizeram questão de agradecer pessoalmente ao presidente Ricardo Teixeira por todo o apoio dado pela CBF à jogadora e ao futebol feminino - Aline sofreu uma grave lesão no ligamento cruzado do joelho direito em junho de 2008 e teve sua cirurgia e recuperação custeadas pela CBF.

- Presidente, tudo o que o senhor fez pela minha filha nenhum dirigente jamais fez por qualquer atleta no mundo - disse o emocionado Francisco ao presidente Ricardo Teixeira.

Aline foi operada no dia 26 de junho de 2008, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, pelo médico da Seleção Feminina, Dr. Marcelo Acherboim. A recuperação da atleta durou cinco meses e a tirou das Olimpíadas de Pequim 2008 - seria a segunda participação da jogadora em Olimpíadas.

Em dezembro de 2008, Aline enviou uma carta ao presidente Ricardo Teixeira agradecendo todo o apoio que recebeu da CBF na realização da cirurgia e no trabalho de recuperação, além da atenção que o presidente dá à Seleção Brasileira Feminina, em todas as suas divisões, dotando-as de estruturas semelhantes às das seleções masculinas, e ao desenvolvimento e organização do futebol feminino no país. Veja a carta na íntegra.

- É muito bom perceber que quando trabalhamos sério, em prol de uma causa, que é o futebol feminino, não só formamos seleções vencedoras, mas também formamos pessoas e modificamos vidas - disse o presidente Ricardo Teixeira.

Aline Pellegrino entrega uma camisa do autografada do time feminino do Santos ao presidente Ricardo Teixeira

Conheça a história da carreira de Aline Pellegrino

O interesse de Aline pelo futebol começou cedo. Aos 7 anos já completava o time de pelada do irmão nas ruas da Zona Norte de São Paulo, onde nasceu. Aos 12, entrou para a escolinha de futebol Horto Florestal, e aos 15 anos passou na peneira para a equipe de aspirantes do São Paulo.

Depois de seis meses como aspirante, a então atacante passou para a equipe adulta e conheceu algumas jogadoras de Seleção, como Tânia, Formiga e Maravilha.

Em um time com o ataque formado por Katia Cilene e Karen, ambas com passagens pela Seleção Feminina, Aline, então com 16 anos, foi recuada para a zaga.

- Com um ataque com aquela qualidade era difícil jogar. Foi a pedido do treinador que eu passei a jogar na zaga, mas eu não gostava.

Após um ano e meio no São Paulo e campeã do primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino de 1997, e do Torneio Rio-São Paulo daquele mesmo ano, Aline foi para o Juventus, onde ficou mais um ano, e tentou novamente jogar no ataque.

- Quando cheguei lá, voltei para o ataque, mas o técnico me colocou de novo na defesa. Fiquei muito triste naquela época e pensei em desistir do futebol, pois ainda era nova e podia fazer minha Faculdade e tentar outras coisas.

Aline não desistiu da Faculdade nem de jogar de zagueira. Foi para a UniSant'anna, na Zona Norte de São Paulo, onde se formou em Educação Física, e firmou-se como zagueira, em oito anos atuando no time adulto.

- Nessa época, comecei a gostar de jogar na zaga, e aprendi muito. Não tinha mais insegurança e aprendi a marcar na defesa, que é completamente diferente de jogar na frente.

Junto com a confiança para jogar na zaga, veio a primeira convocação para a Seleção Brasileira. Em 2004, foi chamada para a preparação para as Olimpíadas de Atenas, e não saiu mais. Foi para a Grécia, entrou em duas partidas, e voltou com a medalha de prata no peito. Em 2006, disputou o Sul-Americano da Argentina e assumiu a braçadeira de capitã.

- Fomos vice-campeãs naquele Sul-Americano. Foi um resultado que eu nunca engoli - disse a zagueira, lembrando que, devido a este segundo lugar, o Brasil não se classificou para as Olimpíadas de Pequim. A vaga ficou com a Argentina.

No ano passado, Aline comandou a equipe medalha de ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro.

- Eram 70 mil pessoas no Maracanã nos vendo, gritando e torcendo, só de me lembrar fico arrepiada, foi inesquecível.

Ainda em 2007, a zagueira foi vice-campeã mundial, na China, sendo derrotada pela Alemanha na final.

Aline atualmente está no Santos e, se no futebol masculino a tendência é atuar fora do Brasil, o feminino foge do padrão.

- Não saio para lugar nenhum. Este é o melhor momento do futebol feminino no país, graças ao apoio da CBF.


sexta-feira, 11 de setembro de 2009



Quem é Modesto Roma Júnior
Modesto Roma Júnior tem tradição no Santos. Formando em jornalismo pela Unisantos, o dirigente é filho de Modesto Roma, ex-presidente do clube entre 1975 e 1978.

A carreira no jornalismo, no entanto, foi abandonada depois de três anos. A trajetória profissional teve continuidade na área de mídia eletrônica.

Há cinco anos, Modesto entrou para o rol de dirigentes santistas e assumiu o cargo de supervisor administrativo do alvinegro praiano.

Entrevista: Modesto Roma Júnior
PRISCILA BERTOZZI
Da Máquina do Esporte, em São Paulo


Eleita a melhor do mundo pela Fifa nas últimas três temporadas, a atacante Marta deu o pontapé inicial, na última quinta-feira, no que pode ser uma nova era para o futebol feminino no país. Numa estratégia similar à do Real Madrid no masculino, o Santos anunciou a melhor do mundo e, com isso, começou a chamar a atenção da mídia e dos patrocinadores para seu time feminino.

Atraída pela presença da atleta, por exemplo, a Copagaz investiu R$ 500 mil no patrocínio principal às "Sereias da Vila", valor histórico para a modalidade no país. BMG, Lupo e o Grupo Bandeirantes também pegaram carona no projeto santista, expondo suas marcas e, no último caso, acertando a transmissão em TV aberta e fechada da primeira edição feminina da Copa Libertadores da América.

O comando dessa empreitada santista está nas mãos de Modesto Roma Júnior, cuja linhagem impõe respeito. O supervisor administrativo do clube é filho do ex-presidente homônimo, que ganhou inclusive uma efeméride para celebrar sua passagem pelo principal cargo do alvinegro praiano entre 1975 e 1978.

Modesto não é um homem de negócios. O mentor do projeto do futebol feminino santista - que traz um horizonte de contratos e receitas - é um dirigente à moda antiga. Modesto no nome, longe disso nas palavras.

Nesta entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, o supervisor administrativo do Santos diz que o time feminino sempre foi forte e minimiza a presença de sua principal estrela para conseguir visibilidade.

"Eu concordo que elas [Marta e Cristiane] alavancaram a visibilidade que nós já tínhamos. Nosso time sempre foi forte. A presença dela é forte, forte no Santos, essa camisa 10 é muito forte, independentemente de quem a veste. Toda a força da Marta é apenas o carro-chefe de um projeto de divulgação do futebol feminino, mas não é o todo", conta Roma Júnior.

Leia a seguir a íntegra da entrevista:

Máquina do Esporte: Como o Santos irá ativar a presença da Marta no time feminino durante a disputa da Copa Libertadores?
Modesto Roma Júnior:
Vamos lançar diversos produtos ligados à equipe para reforçar nossa presença no futebol feminino. Mas não vamos fazê-lo apenas com a Marta, vamos usar todo o time feminino.

ME: E quais serão esses produtos?
MRJ:
Camisetas, bolsas e toda uma linha de licenciados. Eu não sei todos os produtos que irão para o mercado, mas serão muitos.

ME: O contrato com as duas principais estrelas do time, Marta e Cristiane, é de apenas três meses. Como aproveitar, em termos de mercado, a presença dessas jogadoras em um período tão curto?
MRJ:
Indo com força para o mercado publicitário. É isso que estamos fazendo. Associamos as marcas ao Santos com nossas cotas de camisa, manga, peito e short. É dessa forma que vamos capitalizar o bom momento de todo o time, não só a passagem de Marta e Cristiane.

ME: O Santos pretende repetir a estratégia usada pelo Corinthians em função da presença do Ronaldo e "lotear" sua camisa?
MRJ:
Não chega a ser loteamento. Veja bem, nós temos esses espaços e vendemos aos nossos patrocinadores. A gente só vendeu peito, calção e manga.

ME: E quais são as empresas já associadas ao time feminino do Santos?
MRJ:
A Copagaz comprou o peito, o calção é da Lupo e a manga ficou com o BMG. A Umbro será a nossa fabricante esportiva, assim como acontece no masculino.

ME: Qual é a previsão de receita do Santos com a presença da Marta na equipe?
MRJ:
A previsão de receita é em cima do futebol feminino, não da Marta. Ela é apenas um item desse projeto, encabeça as ações. Temos 16 atletas da seleção brasileira em nosso plantel, oito medalhistas olímpicas... O time todo é forte.

ME: Ter duas das três melhores jogadoras do mundo não "atrapalha" a competitividade no torneio?
MRJ:
Todos os times são fortes, são os campeões de cada país. Eu posso afirmar que São Paulo, Cruzeiro e Palmeiras, por exemplo, são favoritos absolutos na Libertadores masculina. É a mesma coisa.

ME: Falando outra vez em mercado, a Marta tem mais potencial para ser trabalhada nesse sentido do que o time masculino?
MRJ:
Não, são produtos diferentes, simplesmente.

ME: E quanto vai custar manter esse time?
MRJ:
Não falo em valores. Vai que algum time de fora venha ver o que estamos fazendo aqui para copiar.

ME: E de onde virá o recurso?
MRJ:
O futebol feminino nunca precisou de esmola. O que nós precisamos é de visibilidade. É a partir daí que vamos desenvolver. É isso que faz a roda girar. Vai ter patrocínio, venda de produtos, e por aí vai.

ME: O senhor, então, concorda que as presenças de Marta e Cristiane são fundamentais para atrair essa visibilidade e fazer esse caminho?
MRJ:
Eu concordo que elas [Marta e Cristiane] alavancaram a visibilidade que nós já tínhamos. Nosso time sempre foi forte. A presença dela é forte, forte no Santos, essa camisa 10 é muito forte, independentemente de quem a veste. Toda a força da Marta é apenas o carro-chefe de um projeto de divulgação do futebol feminino, mas não é o todo.

ME: O Santos pretende negociar a permanência dessas atletas para o ano que vem?
MRJ:
Conversar, a gente sempre conversa, mas elas são profissionais e têm contratos a cumprir lá fora. Não brincamos com isso. Temos a responsabilidade de manter a roda girando.

ME: O que vai ser feito depois desse período de três meses? O Santos manterá o time?
MRJ:
Só a Marta e a Cristiane têm contratos curtos, as outras têm acordos anuais. O time é forte independentemente das duas.

ME: A transmissão na TV aberta é o principal aliado nesse sentido?
MRJ:
Se continuar havendo visibilidade, os times se mantêm fortes, podem tentar contratos melhores com as atletas, conseguem patrocínios. À televisão só interessa o espetáculo. Enquanto era algo desinteressante, a TV não queria mostrar. Agora que temos atletas desse nível por aqui, eles se interessaram. É assim que a coisa caminha. É a roda girando.

Santos apresenta Marta com recepção de Pelé

marta2O Santos Futebol Clubeapresentará Marta, a melhor jogadora de Futebol Femininoda atualidade, em um grande evento nesta quinta-feira (10). A festa de recepção da meia atacante acontecerá às 12 horas, no Estádio Urbano Caldeira (Vila Belmiro), em Santos (Litoral de São Paulo). Marta receberá a camisa 10 das mãos do Rei do Futebol, Pelé, e do presidente do clube, Marcelo Teixeira, no gramado da Vila Belmiro. Após a entrega da camisa, acontecerá a entrevista coletiva no Centro de Imprensa Armando Gomes Vieira da Vila Belmiro. A apresentação de Marta é aberta ao público, cujo acesso será pelos portões 1 e 2 do estádio (esquina entre as ruas Dom Pedro e Tiradentes). Os sócios terão acesso pelos portões 13 e 14. O portão 16 será aberto exclusivamente para autoridades e imprensa. O público presente ao estádio estará concorrendo a prêmios e brindes e também acompanharão a coletiva de Marta no painel multimídia da Vila Belmiro.

A Rainha Marta, de 23 anos, eleita por três vezes consecutivas a melhor jogadora de Futebol Feminino do mundo pela FIFA (2006/07/08), é o principal reforço santistamarta3para as disputas da terceira edição da Copa do Brasil e da primeira edição da Copa Libertadores da América de Futebol Feminino. Marta vem por empréstimo do clube norte-americano Los Angeles Sol (LA Sol). Como no segundo semestre de 2009 a Liga dos Estados Unidos estará em recesso, a jogadora acertou sua vinda para o Peixe por três meses.

No Alvinegro Praiano, Marta buscará dois títulos que ainda não tem no currículo: a Copa do Brasil, que tem início em 15 de setembro e término em 15 de dezembro, e a Copa Libertadores da América, que acontece de 4 a 18 de outubro.

O Sul-Americano foi criado a partir da sugestão do presidente do Santos FC, Marcelo Teixeira, apresentada na Comissão Organizadora do Mundial Interclubes da FIFA e prontamente atendida pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). A intenção de Teixeira era estruturar a disputa de clubes feminina como acontece no masculino. Com isso, a Conmebol definiu a cidade de Santos (SP) como sede da primeira edição da Libertadores.

O presidente do Santos FC, Marcelo Teixeira, acredita que a passagem de Marta pelo clube será um importante marco na história da modalidade. “O Santos FC tem ummarta4grande projeto para o Futebol Feminino e a nossa intenção é alavancar o esporte no país. Ter a melhor do mundo atuando no Brasil será importante para criarmos essa identidade e para conquistarmos novos parceiros”.

O técnico do Santos FC e da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, Kleiton Lima, está feliz com a chegada da melhor do mundo. “A Marta será muito importante para alcançarmos nossos objetivos de conquistarmos a Copa do Brasil e a Libertadores. Acredito que ela se integrará facilmente ao grupo, já que muitas das atletas fazem parte da Seleção Brasileira”.


domingo, 30 de agosto de 2009

Do www.artilheiro.com.br






FEMININO: CAUCAIA E CEARÁ SÃO FINALISTAS DO CEARENSE


Ceará passa pelo Fortaleza e Caucaia manda embora Horizonte

Os dois jogos pelas Semifinais do Campeonato Cearense deste sábado, definiram os dois finalistas da competição, que tem seu final marcado para o dia 6 de setembro próximo.

As partidas foram realizadas no estádio Raimundo de Oliveira, em Caucaia, e a rodada foi iniciada às 17 horas com Fortaleza e Ceará decidindo uma das vagas. Na outra partida, com início às 19h15, do confronto entre Caucaia e Horizonte sairia o outro finalista.

Fortaleza e Ceará (Clique sobre as fotos para ampliá-las)

No jogo inicial, o Fortaleza levava a vantagem de jogar pelo empate já que houvera ganho a primeira partida contra o Ceará pelo placar de 2 a 0. No entanto, o time do Pici não conseguiu tirar proveito da vantagem obtida, e perdeu também por 2 a 0 para o time de Porangabussu.

O resultado levou a decisão para as cobranças de pênaltis, e aí o Ceará que já houvera sido melhor na partida, confirmou com todos os méritos sua condição de finalista, ao vencer por 2 a 0 no tempo normal, e nos pênaltis por 4 a 2.

Caucaia e Horizoonte (Clique sobre as fotos para ampliá-las)

No segundo jogo, a equipe do Caucaia que conquistou o direito de jogar pelo empate por haver ganhado o jogo de ida, na casa do adversário, pelo placar de 5 a 1, obteve nova vitória frente ao Horizonte, desta vez por 1 a 0, gol assinalado em cobrança de escanteio pela volante Kéka.

Final

A Fase Final do Cearense Feminino será disputada em duas partidas (ida e volta), sendo a primeira delas no estádio Carlos de Alencar Pinto, o Vovozão, e a segunda no Raimundo de Oliveira, o Raimundão, em Caucaia.

Copa do Brasil

A equipe Campeã da competição será o representante cearense na Copa do Brasil de futebol feminino.

Do Blog do Benê Lima


No Ceará tem disso sim





INEDITISMO, HILARIDADE OU PROVINCIANISMO?


Jogo oficial é interrompido por pouso de avião


A aterrissagem de um helicóptero interrompeu a partida do Campeonato Cearense de Futebol Feminino, que estava sendo disputada entre as equipes do Horizonte e do Caucaia, pela Fase Semifinal da competição.


Por volta das 16h30min, quando eram transcorridos exatos seis minutos da segunda etapa, o árbitro que houvera sido avisado pelos gritos de alguns assistentes, rendeu-se às evidências pela presença imponente da aeronave, e mandou que as atletas deixassem o centro do gramado, afastando-as para a lateral do campo.


Atônitas, as jogadoras dirigiram-se para a borda do campo, e após assimilarem o ineditismo da situação, trataram de recompor-se pela hidratação, ingerindo a bendita água.


Enquanto isso, da aeronave descia o empresário do ramo têxtil Raimundo Delfino Filho (foto), que atravessou o gramado e seguiu tranqüilamente na companhia de outra pessoa não identificada.


A operação durou cerca de quatro minutos (pouco mais, pouco menos), mas o suficiente para deixar a marca do nosso provincianismo, além da impressão de que o Campeonato Cearense não faz parte de nenhum calendário.


A Federação Cearense de Futebol e a Prefeitura do Município de Horizonte, através da administração do estádio Domingão, precisam levar as coisas um pouco mais a sério. Já não bastam as piscinas perenes que são os acessos aos vestiários daquela praça esportiva?

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Futebol Feminino do Peixe tem novo parceiro

Fotos: Site Oficial Santos FC

Foto: Mauricio de SouzaA Copagaz, quinta maior distribuidora de GLP (gás de cozinha) do país, será a patrocinadora oficial do glorioso Alvinegro Praiano na disputa da Copa do Brasil e da primeira edição da Copa Libertadores Feminina, torneio que acontece em outubro e terá Santos como cidade sede.

O anuncio foi feito na manhã de hoje, no Salão de Mármore Vasco José Faé do Estádio Urbano Caldeira, em Santos (Litoral de São Paulo).

O patrocínio, válido pelo prazo de seis meses, permite que a marca CopagazFoto: Mauricio de Souza seja exposta na camisa de jogo, bem como uniformes de treinamento, equipamentos e demais materiais esportivos usados pelo time. “Nosso principal objetivo com este patrocínio é valorizar a prática do esporte feminino e consequentemente colaborar com a realização de hábitos ligados à saúde e ao bem estar das mulheres”, explica o presidente da Copagaz, Ueze Zahran.Foto: Mauricio de Souza

O presidente do Santos FC, Marcelo Teixeira, acredita que a parceria trará ainda melhores frutos para o Futebol Feminino do Peixe. “Com investimentos vindos de parceiros que apostam no clube, nós entramos em uma curva ascendente. Isso é bom tanto para o Santos FC quanto para a Copagaz que estarão divulgando suas marcas no Brasil e no mundo”.

Além da Copagaz, o futebol Feminino do Santos Futebol Clube/ Fundação Pró-Esporte de Santos, ainda conta com o patrocínio do Plano de Saúde SFC1Santa Casa de Santos e da Universidade Santa Cecília. O material esportivo é fornecido pela Umbro. Apoio: CNA Canal 1, Associação Atlética dos Portuários, 5 Estrelas Representações Comerciais, Gyro Style Móveis e Cello Design.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Santos terá maior patrocínio do feminino

GUILHERME COSTA
Da Máquina do Esporte, em São Paulo


A contratação da brasileira Marta, eleita a melhor jogadora do mundo pela Fifa nas últimas três temporadas, gerou ao Santos o maior patrocínio do futebol feminino no Brasil. O clube alvinegro acertou contrato com a Copagaz até dezembro deste ano.

Por três meses, o Santos receberá em torno de R$ 500 mil para expor a Copagaz nos uniformes de sua equipe feminina. O montante praticamente banca a contratação de Marta, ainda que o clube tenha desenvolvido um extenso plano de ações para aproveitar a presença da camisa 10.

O tempo de duração do patrocínio condiz com o período de permanência de Marta na equipe - a brasileira defende o Los Angeles Sol, dos Estados Unidos, e vai atuar no Brasil apenas durante o recesso da liga norte-americana.

Nesse período, o Santos disputará a primeira edição da Copa Libertadores feminina. Só depois é que a equipe e a Copagaz conversarão sobre uma possível renovação para a próxima temporada, ainda que essa possibilidade já tenha sido levantada nas primeiras conversas.

Além de prolongar a estadia da Copagaz no futebol feminino, o Santos conversa com a empresa sobre outras formas de parceria. Uma das possibilidades é incluir o clube paulista em um plano para desenvolver o futebol na Região Centro-Oeste, área da qual a companhia é oriunda. A marca pretende fazer um aporte na modalidade voltado à Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil.

A relação entre Santos e Copagaz começou com um patrocínio à equipe de cheerleaders do clube paulista. O contrato foi acertado em julho deste ano, e não teve seus valores divulgados.

domingo, 2 de agosto de 2009

O futebol feminino nos EUA
O início da caminhada modalidade não foi devido a fatores culturais ou econômicos. Mas sim por conta da política
Hélio Dana
O futebol feminino nos Estados Unidos é sem duvida o esporte de maior participação para mulheres (segundo a AYSO ou American Youth Soccer Organization).

Além das oportunidades nas escolas, as garotas têm a chance de jogar em clubes dentro das várias faixas etárias. À medida que as meninas progridem dentro do esporte, podem chegar a jogar o campeonato universitário e, agora, o profissional.

O campeonato universitário é usado como fonte de revelação para as garotas que querem se profissionalizar. Há também ligas de clubes adultas que servem como fonte de revelação de talentos. Por exemplo, a liga W-League (http://wleague.uslsoccer.com/) é semi-profissional, permitindo a jogadoras universitárias participação nos meses de férias, além de servir de celeiro para a liga profissional. Há ainda mais uma liga semi-profissional chamada de WPSL (http://www.wpsl.info/) que é similar a W-League.

Ambas funcionam de maio a agosto e normalmente abrigam jogadoras da região de cada time. As meninas ficam em casa de família ou em alojamentos e trabalham durante o período, normalmente fazendo clínicas de futebol.
Já a liga profissional é chamada de WPS ou Women’s Professional Soccer (http://www.womensprosoccer.com/). A liga no momento possui apenas nove times, mas já tem planos de expandir ano que vem.

O começo de tudo
O início da caminhada do futebol feminino nos EUA não foi devido a fatores culturais ou econômicos. Aliás, todos sabemos quanto atrasada a cultura do futebol é aqui na América. A grande diferença foi política.

Em 1971, um estudo feito aqui demonstrou que apenas 18% de todas as mulheres americanas chegavam a um diploma univeristário (em comparação a 26% dos homens). Em nível das oportunidades disponíveis dentro do desporto, a disparidade era absurda: praticamente 90% dos investimentos no desporto iam para os homens e apenas 10% para as mulheres.

Dessa situação surgiu em 1972 a lei conhecida aqui por “Title IX” (Título Nove). Em resumo, a lei diz que “nenhuma pessoa nos EUA pode ser, com base em seu sexo, discriminada ou excluída em participação de qualquer projeto educacional recebendo assistência federal”. E como a prática do desporto é grandemente vinculada ao sistema educacional aqui, naturalmente esses programas receberam um imenso “boost” com a nova lei.

O escritório de Direitos Civis do Departamento de Educação Americano foi incubido de vigiar a aplicação da lei. Só para se ter uma noção, essa lei atingiu 51 milhões de alunas do nível elementar e secundário, e 14 milhões no nível universitário.

Imediatamente, as instituições tiveram que se virar para estabelecer igualdade de oferta em todos os programas educacionais, incluindo o do desporto (e naturalmente do futebol feminino). Aliás, em nível prático, essas instituições tiveram que investir a mesma quantidade de dinheiro já investida no desporto masculino, não só no que se refere ao orçamento de gastos, mas também às bolsas de estudo oferecidas.

Portanto, nesses mais de 30 anos que se passaram, houve uma explosão de oportunidades para as meninas, desde iniciação à prática de alto nível. E naturalmente a demanda obrigou a criação dessas ligas que mencionei.
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